Durante discurso no Parlamento Europeu na última semana, o deputado cipriota Fidias Panayiotou acusou os EUA de gastarem US$ 60 milhões por meio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) para influenciar o resultado do referendo de reunificação do Chipre em 2004.
De acordo com o deputado, o financiamento foi destinado a apoiar o lado pró-reunificação do Chipre, ilha há muito tempo dividida entre as comunidades cipriota grega (no sul) e cipriota turca (no norte). Panayiotou descreveu esse envolvimento financeiro como “interferência estrangeira” nos assuntos políticos da ilha.
O referendo cipriota de 2004 teve como objetivo decidir sobre o Plano Annan, uma proposta de reunificação da ilha de Chipre, dividida desde 1974. O plano foi nomeado em homenagem a Kofi Annan, então Secretário-Geral das Nações Unidas, que mediou as negociações entre as duas comunidades da ilha.
Em 1974, depois de um golpe de Estado apoiado pela Grécia e uma subsequente intervenção militar da Turquia, a ilha foi dividida. A República de Chipre, reconhecida internacionalmente, controla apenas o sul da ilha, enquanto o norte é administrado pela autodeclarada República Turca do Norte de Chipre (reconhecida apenas pela Turquia).
How USAID Interfered in My Country pic.twitter.com/hC14X95st3
— Fidias Panayiotou (@Fidias0) February 17, 2025
O plano propunha a criação de uma República Unida do Chipre, uma federação de dois Estados constituintes (um grego e outro turco), com um governo central fraco e ampla autonomia para as duas comunidades. Os cipriotas turcos aprovaram o Plano Annan com 64,9% dos votos, enquanto os cipriotas gregos o rejeitaram, com 75,8% dos votos contra.
Como o plano exigia a aprovação de ambas as comunidades para ser implementado, a rejeição pelos cipriotas gregos resultou no fracasso da proposta. Como consequência, apenas a parte grega da ilha, representada pela República de Chipre, ingressou na União Europeia em maio de 2004.
A cruzada de Musk contra a Usaid
O empresário Elon Musk, CEO de diversas empresas de tecnologia e diretor do Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos (DOGE), compartilhou a denúncia de Panayiotou contra a Usaid. No começo deste mês, Musk anunciou a intenção de desativar o órgão.
Musk afirmou que a agência é um “ninho de vermes”, ao defender seu fechamento. “Temos de nos livrar de tudo, está além de qualquer conserto”, disse o bilionário durante uma transmissão de áudio ao vivo no Twitter/X. “Vamos fechá-la.”
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Criada durante a Guerra Fria, a Usaid coordena e distribui todo o financiamento dos EUA para iniciativas ao redor do mundo, as quais incluem situações de conflitos ou emergências. Em 2024, a instituição respondeu por 42% de todas as ações classificadas como ajuda humanitária pela ONU.
No entanto, investigações do governo Trump sobre a agência revelaram o uso de recursos para financiar iniciativas ideologicamente direcionadas. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, informou que o governo Biden gastou US$ 1,64 milhão em programas de “diversidade e inclusão” fora dos EUA.