sábado, março 15, 2025
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Deputado Claudio Branchieri: ‘O STF ameaça a democracia’

O deputado estadual Claudio Branchieri (Podemos-RS) é uma das principais vozes da direita nas redes sociais. No Instagram, seu carro-chefe, o parlamentar experimentou um aumento expressivo de seguidores ao criticar os desmandos do Supremo Tribunal Federal (STF) e as barbeiragens do governo Lula. Em poucos meses, o deputado saiu de 30 mil seguidores para mais de 270 mil.

Com 54 anos e uma trajetória que inclui passagens pela iniciativa privada e pela universidade, Branchieri entrou na política incentivado por um ex-aluno, o deputado federal Maurício Marcon (Podemos-RS), e se tornou um dos maiores defensores da liberdade de expressão no país. Conhecido por seu posicionamento contra o Estado, o parlamentar se define como “agente do caos” — uma provocação que reflete seu objetivo de derrubar o atual sistema político.

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Em entrevista exclusiva, o deputado não hesita em criticar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, classificando-a como uma “farsa”. Para Branchieri, a decisão da PGR busca criminalizar a direita e isolar o principal líder da oposição no país. “Há membros importantes na direita, como Nikolas Ferreira, Gustavo Gayer, Maurício Marcon e Luciano Zucco”, observa. “Mas nenhuma delas tem capacidade de aglutinar a direita.”

A atuação do STF é outro ponto sensível para Branchieri, que defende uma Corte mais sóbria. Segundo o deputado, os recentes posicionamentos do STF põem em risco a democracia. “A Corte já não serve mais para seu propósito ideal”, resume.

Na entrevista, o deputado também analisa a proliferação das ideias de esquerda no país, a presença dessa ideologia nas universidades e a necessidade de a direita retomar espaços estratégicos, como as instituições públicas e os centros de produção cultural, para reverter o domínio “progressista”. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Como o senhor entrou na política?

Tenho 54 anos. Trabalhei na iniciativa privada até os 52. Fui professor de economia. Na universidade, tive um aluno que transformei em liberal. Ele atualmente é deputado federal, chama-se Maurício Marcon. Depois de ser eleito, Marcon incentivou minha entrada na política. Topei. A gente fez uma dobradinha. Elegi-me com R$ 11 mil, alcancei 33 mil votos. Fui o deputado mais barato do Brasil. Aceitei entrar na política por um misto de senso de oportunidade com propósito. Não dá mais, a gente precisa mudar o Brasil. Mas, para ser sincero, até 2022, nunca imaginei ter um cargo público. Sempre fui contra o Estado. Até brinco na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul: “Cara, sou agente do caos. Não vim aqui para aprovar leis, mas para derrubá-las”.

Em vídeo recente, o senhor argumentou que a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente Jair Bolsonaro é uma farsa. Por que o senhor acredita nessa tese?

Porque sei ler. Se você ler a peça, há apenas 172 páginas. É toda recheada de embromação. Não tem nada factual nem real. Encheram de diálogos para tentar apresentar provas robustas. Mas não tem consistência. É vaga. Farsa do começo ao fim, porque não tem materialidade. Acompanhei Bolsonaro do começo ao fim. Nunca o vi com nenhuma conduta que dissesse: “Bolsonaro vai querer dar um golpe”. Isso não houve. Existe no Brasil uma tentativa de se apropriar de todas as qualidades e adjetivos do planeta. Sou puro, quero o bem, sei o certo: essa é a mensagem do ministro Alexandre de Moraes. Ele praticamente criminalizou todo o espectro do discurso político da direita. Querem caçar o maior líder da direita. Há membros importantes na direita, como Nikolas Ferreira, Gustavo Gayer, Maurício Marcon e Luciano Zucco. Mas nenhuma delas tem capacidade de aglutinar a direita.


Como o senhor vê a direita nas eleições de 2026?

Não sou uma pessoa ingênua. Sei da dificuldade de reverter a inelegibilidade de Bolsonaro. Mas existe um outro princípio que me guia: o da lealdade. Sem Bolsonaro, a liderança à direita não existiria. Ele consegue dialogar com a população mais carente, que sempre esteve em feudos da esquerda. A esquerda sempre conseguiu dialogar com o cara do Bolsa Família, o trabalhador que ganha até um, dois salários mínimos. A direita, com um discurso elitista, não conseguia alcançar a linguagem para cativar essa população. Hoje, não. Bolsonaro quebrou isso. Tarcísio de Freitas não consegue, nem Ronaldo Caiado. Vou defender a candidatura de Bolsonaro até que o ex-presidente levante a mão e diga: “Desisti, não quero mais”. Só existem três alternativas para 2026: Jair, Messias e Bolsonaro.

De que maneira o senhor avalia o governo Lula?

Como não tem palavra pior que “péssimo”, vou deixar em “péssimo”. O governo é uma tragédia do começo ao fim. É um governo que não faz absolutamente nada. Economicamente, não consegue entregar. Há crescimento com base em endividamento do setor público, no endividamento das famílias. Não existe crescimento de produtividade, não há reforma. Ele não vai deixar legado algum, como não deixou a presidente Dilma Rousseff. Ela deixou só problema para os outros resolverem. Do ponto de vista político, o baixo nível de aprovação de Lula só mostra que o presidente perdeu completamente a capacidade de se comunicar com os anseios da população. Lula não percebeu que o Brasil mudou. Você não consegue mais dizer, por exemplo, para um jovem que está saindo da faculdade, que o Estado é a solução e o empresário é um problema. Isso já não cola mais. As pessoas querem empreender, ter capacidade de gerar riqueza. Elas entendem as questões sociais, mas sabem que essas questões não são o fim, mas o meio. O fim é você gerar riqueza para poder prosperar, ascender socialmente. Lula não dialoga com esse Brasil. Ele dialoga com o Brasil da década de 1990. Ele entrou numa máquina de viagem ao passado e ficou preso lá.


Como o senhor analisa a atuação do STF?

Vejamos uma das declarações do ministro Flávio Dino. Ele disse que o protagonismo do STF veio para ficar — e que esse posicionamento é uma exigência social. Essa exigência ocorre apenas na cabeça dele. Gostaríamos de um STF menos militante, menos atuante e mais passivo. Dino subverte a lógica de que o Judiciário só age quando acionado. A Corte já não serve mais para seu propósito ideal. O STF trouxe para si a ideia de que seria um tipo de poder moderador. A atuação do Supremo coloca em risco a democracia.

Por que o senhor acredita que as ideias de esquerda ainda predominam na cultura, na política e nas universidades?

A esquerda busca tomar espaços nos meios de comunicação e nas universidades. Eles pensam assim: é desnecessário tomar a Globo, mas é importante dominar a faculdade de jornalismo e formar pessoas de esquerda para poder manipular a opinião pública. É difícil reverter esse quadro, até pela forma como a esquerda se infiltrou dentro das instituições. É um processo de muito tempo, que começou na década de 1940, 1950, 1960. Lentamente, a direita precisa reverter esse processo de ideologização das universidades, que acabam formando os profissionais que comandam as instituições públicas. Os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Flávio Dino, por exemplo, têm uma visão política que provavelmente trouxeram das universidades. Agora, os três implantam no Supremo aquilo que aprenderam nas universidades.


Como a direita pode reverter esse cenário?

Precisamos ter dentro da direita algum tipo de intelectualidade orgânica. A partir dessa inteligência filosófica e ideológica, poderíamos criar planos para tomar de volta as universidades e a Igreja Católica, tomada por bispos ligados à teologia da libertação. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil é quase um braço do Partido dos Trabalhadores. Precisamos mudar de fora para dentro. Eles mudaram as universidades de dentro para fora. Tomaram os professores e os formaram. Pela ordem, os professores formam os alunos. É assim.

Por que as ideias de esquerda fracassam sempre?

Porque são anti-humanas. As pessoas não são iguais. A esquerda aponta esse aspecto humano e fomenta uma espécie de inveja entre os cidadãos. Exploram esse aspecto humano, mas, quando tentam promover a igualdade entre os seres humanos, não dá certo. Ao tornarem os resultados iguais, e não o ponto de partida, tiram o incentivo daquele ser humano fora da curva de produzir mais. Acabam nivelando a mediocridade por baixo. Esse discurso seduz. Ele tem a vantagem de exalar uma virtude que, na verdade, não existe. A esquerda prefere distribuir riqueza do que criá-la.


O senhor afirma que uma das maiores mentiras da Constituição Federal é o trecho que diz o seguinte: “Todo poder emana do povo”. Por quê?

As agências governamentais mandam na vida das pessoas. São basicamente dominadas por burocratas não eleitos. Essas agências impedem que os políticos eleitos governem. Vou dar um exemplo típico: o Ibama quer impedir a exploração de petróleo na Foz do Amazonas. A Guiana e a Venezuela exploram, mas o Brasil é proibido. Lula, Hugo Motta e Davi Alcolumbre nada podem fazer. Então, para mim, todo o poder emana das agências.

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Via Revista Oeste
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