Enquanto discursava na cerimônia de lançamento da pedra fundamental do campus do Instituto Federal de Brasília (IFB), na quinta-feira 11, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “mulher não foi feita para apanhar”.
“Para a mulher, a profissão é mais importante, porque todos nós sabemos que nesse país existe muita violência contra a mulher, e a violência muitas vezes ocorre dentro de casa, quando o marido não respeita a mulher”, disse o petista, em discurso. “Ela ganha respeito e ela vai dizer para o marido: eu estou com você porque eu gosto de você e porque você me respeita, mas se você levantar a mão pra mim, eu largo você e vou cuidar da minha família porque mulher não foi feita para apanhar.”
O presidente passou parte do discurso falando dos problemas do relacionamento de seus pais, alegando que seu pai era “muito agressivo” e que sua mãe teve “coragem” ao levar os filhos para São Paulo. Lula, no entanto, não fez comentários sobre as acusações de violência doméstica feitas pela médica Natália Schincariol contra seu filho caçula, Luís Cláudio Lula da Silva.
A ex-mulher do filho do presidente veio à público em 2 de março para relatar as agressões sofridas durante os dois anos de relacionamento, que se intensificaram meses antes do rompimento do casal. Natália registrou um boletim de ocorrência eletrônico contra Luís Cláudio na Delegacia da Mulher de São Paulo.
Uma medida protetiva já foi emitida. No boletim de ocorrência, a médica contou que ela foi “manipulada e ameaçada” para não denunciar as agressões. Ele dizia que, por ser filho de Lula, tem “influência para se safar das acusações”.
Na terça-feira 9, Natália compartilhou uma nota de repúdio ao silêncio de Lula e de seu partido, o PT, sobre as denúncias feitas no início do mês.
O silêncio de Lula
Quase duas semanas depois das acusações, nem Lula nem o PT se manifestaram sobre a denúncia de agressão por parte do filho do presidente. Em 3 de abril, Lula chegou a usar meias com ilustrações da pintora mexicana Frida Kahlo, durante evento em Brasília.
Frida Kahlo é tida como um dos maiores ícones do feminismo por usar suas obras para “questionar” os papéis sociais de sua época.
No evento, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, publicou uma foto onde aparece puxando a barra da calça de Lula. “O pé de meia dele!”, exclamou Anielle. “A gente fez o L para isso”.