Uma dentista foi presa preventivamente nesta terça-feira, 30, suspeita de realizar procedimentos estéticos que resultaram em deformações nos rostos de pacientes, em Goiânia (GO). A Polícia Civil informou que foram ouvidas mais de 10 vítimas da dentista Hellen Matias, além de colhidos depoimentos de ex-funcionários do instituto comandado por ela.
As investigações apontam que Hellen e outros três dentistas realizavam procedimentos expressamente vedados pelo Conselho Federal de Odontologia na Resolução nº 230/2020. As cirurgias plásticas eram ofertadas nas redes sociais dos odontólogos por valores abaixo do mercado, atingindo uma ampla gama de pessoas.
Hellen Matias, inclusive, tem um grande público em seu perfil no Instagram, com mais de 650 mil seguidores a acompanhando. Por lá, a dentista compartilhava imagens de antes e depois de inúmeras clientes.
Além disso, a investigada ministrava cursos para que outros profissionais da saúde executem tais cirurgias sob sua supervisão.
Os depoimentos colhidos até agora confirmaram a realização das cirurgias proibidas em local inadequado (fora do ambiente hospitalar). As pessoas ouvidas também relataram que a dentista não aceitava qualquer crítica ao seu trabalho, tratando os pacientes com descaso.
A Polícia Civil informou ainda que, na primeira fase da operação, foram encontrados diversos instrumentos cirúrgicos, anestésicos e medicamentos vencidos na clínica de propriedade da investigada. Os materiais foram apreendidos e descartados pela Vigilância Sanitária, que também autuou a dentista por infrações administrativas, dentre elas, a inadequação do alvará sanitário do estabelecimento, que não autorizava a realização de nenhum procedimento invasivo.
Após a apreensão do celular utilizado pelo estabelecimento para contactar os pacientes, os policiais civis descobriram inúmeros casos de consumidores que ficaram com rostos deformados após a realização de cirurgias com a profissional e/ou com seus alunos.
Além da prisão preventiva, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão nos municípios de Goiânia e Santa Bárbara de Goiás, em endereços ligados à investigada.
Conforme investigação, o instituto coordenado pela profissional, localizado no Setor Oeste, em Goiânia, foi alvo de busca e apreensão em um inquérito instaurado para apurar os crimes de exercício ilegal da profissão (art. 282, do Código Penal) e execução de serviço de alta periculosidade (art. 65 do Código de Defesa do Consumidor).