Demitido do cargo de diretor-geral adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alessandro Moretti divulgou, nesta quarta-feira (31), uma nota em que se defende da suposta conivência com o esquema revelado pela Polícia Federal de uso político da instituição.
“Na época como Diretor-Geral em exercício, é que foram iniciados os trabalhos de apuração interna relacionados ao uso de ferramenta [First Mile], com a instauração de sindicância investigativa pela Corregedoria-Geral”, diz o texto enviado à CNN.
Segundo Moretti, todo o material probatório coletado e produzido pela Abin em relação ao caso foi compartilhado com a Polícia Federal.
“Por esta razão, grande parte do material que instrui o inquérito da PF é fruto da apuração conduzida com total independência na Abin”, completa.
Ainda de acordo com o ex-diretor, a Abin se encontra em fase de transição, após deixar de ser subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e passar a integrar a estrutura da Casa Civil da Presidência da República.
E nesse contexto, “diversas medidas foram adotadas e muitas outras estão sendo implementadas pela atual gestão para a modernização da gestão da Agência, o que garantiu, inclusive, a citada apuração ampla e independente”.
No fim da nota, Alessandro Moretti faz uma defesa do trabalho da agência e agradece ao atual diretor-geral Luiz Fernando Corrêa.
“Nenhum país, em especial uma nação continental como o Brasil, pode prescindir de uma Inteligência profissional e cumpridora dos princípios que regem o Estado Democrático de Direito. O conhecimento estratégico difundido pela ABIN, indispensável para o País e essencial para a proteção de nossa sociedade, é produzido por profissionais altamente capacitados e compromissados”, finaliza.
Na terça-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu o diretor-adjunto da Abin, Alessandro Moretti. Outros quatro diretores também saíram.
Para o posto foi nomeado Marco Cepik, que comandava a Escola de Inteligência da agência.
As trocas na cúpula da instituição ocorrem após uma operação da Polícia Federal (PF) revelar uma suposta espionagem ilegal realizada pela agência durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo as investigações, a agência monitorou ilegalmente uma série de autoridades e pessoas envolvidas em investigações, além de desafetos do ex-presidente.
Na investigação, a PF cita um possível conluio entre investigados na operação e a atual gestão da Abin.
Os monitoramentos, segundo as investigações, envolviam o uso do software “First Mile”, ferramenta de geolocalização que permite identificar as movimentações de pessoas por meio dos celulares delas.
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