Em troca de mensagens com o seu suplente, o advogado Luiz Felipe Cunha, o senador Sérgio Moro (União-PR) revelou ter sido procurado pelo ex-deputado e ex-procurador Deltan Dallagnol para tratar da indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal. A conversa por WhatsApp, flagrada pelo GLOBO, ocorreu durante a votação do nome de Dino no plenário do Senado, na noite de ontem.
O senador, que é oposição ao governo, não declarou seu voto contra Dino, o que lhe rendeu críticas, turbinadas após uma imagem sua abraçando o ministro e rindo repercutir nas redes sociais. O ministro teve seu nome aprovado ao STF pelo placar de 47 a 31. Moro negou que o gesto significasse voto favorável.
Pelo WhatsApp, Cunha relata que Deltan estava “desesperado”. “Me ligou, mandou mensagem e etc”, diz o advogado. Em resposta, Moro afirmou que o ex-procurador também o havia procurado. “Mandou msg aqui”. Em seguida, pede conselhos: “Falo algo aqui? “O que acha?”.
A conversa continua e Cunha conta a Moro o que disse a Deltan: “Estarei ao seu lado sempre, por lealdade, por saber que você é um cara correto”, diz trecho da mensagem. A imagem flagrada pelo GLOBO indica que o senador também conversou por voz com seu suplente por cerca de cinco minutos antes da troca de mensagens.
Procurado pela reportagem, Deltan e Cunha não responderam aos contatos.
‘Mestrão’ para Moro: ‘Coro comendo nas redes’
Minutos após o nome de Dino ser aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Moro também recebeu um alerta via WhatsApp de um contato identificado como “Mestrão”.
“Sergio, o coro está comendo aqui nas redes, mas fica frio que jaja (sic) passa, só não pode ter vídeo de você falando que votou a favor, se não isso vai ficar a vida inteira rodando”, diz o interlocutor a Moro. “Estou de plantão aqui, qualquer coisa só acionar”, completa na mensagem, flagrada pelo GLOBO no plenário do Senado. Em seguida, o senador responde: “Blz. Vou manter meu voto secreto”.
O senador afirmou por meio de sua assessoria que recebeu a mensagem do interlocutor porque “distorceram o posicionamento do parlamentar”.