quinta-feira, setembro 19, 2024
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defesa critica inquérito aberto por Moraes

“Uma cortina de fumaça”, resumiu o advogado Eduardo Kuntz, que defende o perito Eduardo Tagliaferro, sobre o inquérito aberto pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para apurar o caso das mensagens publicadas pela Folha de S.Paulo.

Ainda segundo Kuntz, a decisão de Moraes de converter a investigação em petição (PET) e juntá-la ao Inquérito das Fake News foi uma forma de o juiz do STF manter o controle dos trabalhos.

alexandre de moraes
O ministro Alexandre de Moraes, durante um evento em São Paulo promovido pelo Grupo Lide – 22/7/2024 | Foto: Aloisio Mauricio/Estadão Conteúdo

Há poucos dias, Kuntz acionou o STF justamente para remover Moraes da relatoria do caso. Por ora, não há decisão do presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso.

A seguir, os principais trechos da entrevista concedida à Revista Oeste pelo advogado de Eduardo Tagliaferro.

Moraes transformou em petição o inquérito para investigar as mensagens publicadas pela Folha. O que esse movimento significa?

Com todo respeito, foi uma manobra para manter sob o poder dele algo que lhe interessa. Ao ministro Barroso, endereçamos um pedido, com farta argumentação, para solicitar o trancamento do inquérito, agora travestido de PET, a fim de que o presidente do STF entenda que seu colega abriu esse procedimento de forma equivocada, até por ser “vítima”. No âmbito da apuração, Moraes já determinou uma medida grave contra o meu cliente: a de busca e apreensão. Por isso, queremos evitar outras decisões dessa natureza. Nosso objetivo é o imediato arquivamento desse inquérito desnecessário, que é mais uma cortina de fumaça gigantesca aparentemente criada para afastar do objeto de investigação aquilo que merece atenção: o conteúdo das reportagens.

Conforme o jornal O Estado de S. Paulo, a Polícia Civil rebateu o depoimento do cunhado de Tagliaferro segundo o qual um delegado de Franco da Rocha teria ordenado a entrega do celular de seu cliente ao gabinete de Moraes. Isso procede?

Desconheço a notícia, mas não sei se os policiais entrevistados responderam a algumas questões. Uma delas é por que o delegado de uma seccional absolutamente distinta, sem ordem judicial, mandou uma viatura buscar o compadre do meu cliente para prestar esclarecimentos. Também não sei se foi explicada a razão pela qual um telefone que havia sido entregue em perfeitas condições por Tagliaferro acabou devolvido corrompido seis dias depois. Compreendo a narrativa de tentar manter uma versão que não lhes prejudica. Mas a verdade é que muitos procedimentos que deveriam ter sido cumpridos não foram respeitados.

O senhor e o seu cliente têm recebido algum tipo de ameaça desde a publicação dos diálogos?

Até o momento, não.

Qual o conteúdo do depoimento da mulher de Eduardo Tagliaferro?

O delegado fez questionamentos ligados à discussão que ela teve com o meu cliente, em casa. Trata-se da história do disparo com arma de fogo, que saiu na imprensa. Ao ser interpelada sobre a possibilidade de Tagliaferro querer vender o material divulgado pela Folha, ela negou. Disse, inclusive, que a atual situação financeira da família é pior que antes de tudo acontecer. Portanto, ela acredita que o marido não tenha ganhado dinheiro com isso. Entendo que o depoimento da esposa foi desnecessário. Acredito que tenha sido uma estratégia da Justiça com a finalidade de ganhar tempo para que a ordem de busca e apreensão de Moraes chegasse ao meu cliente enquanto ele depunha.

Quais são as próximas estratégias da defesa?

Vamos aguardar o ministro Barroso nos receber para tentarmos suspender o andamento desse inquérito e impedir Moraes de dar outras decisões. Esperamos também que as coisas se esclareçam de modo a Tagliaferro e sua família saírem do radar dessa investigação.

Via Revista Oeste

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