A Defesa Civil do Rio Grande do Sul alertou, nesta sexta-feira, 3, para uma grande possibilidade de inundação extrema no lago Guaíba, em Porto Alegre. Desde o início da semana, fortes chuvas assolaram 174 cidades no Estado e causaram, até o momento, 31 mortes.
“O Guaíba apresenta uma cheia histórica com níveis em elevação podendo ultrapassar os 5 m nas próximas horas, com a possibilidade de ultrapassar esse valor em um cenário mais crítico”, informou a Defesa Civil, pelo Twitter/X, em um alerta válido por 24 horas.
O órgão recomendou cautela e até evacuação de regiões centrais da capital gaúcha.
“Caso seja surpreendido pelo tempo severo, busque abrigo, e não atravesse alagamentos a pé ou, mesmo, de carro.”
Na quinta-feira 2, de acordo com a Secretaria de Comunicação do Estado do Rio Grande do Sul (Secom-RS), o governador Eduardo Leite, confirmou a rápida elevação do lago, que está prestes a superar a enchente de 1941, a maior da história do Estado.
“Quero pedir mais uma vez que as pessoas tenham a percepção de urgência em relação ao que está ocorrendo no Estado”, afirmou o governador. “É muito importante que a população leve a sério as recomendações e busque se proteger, que atenda a esse chamado da emergência sem precedentes que estamos vivendo e deixe as zonas de risco.”
A catástrofe natural, segundo o governador, pode se tornar a maior tragédia ambiental da história do Rio Grande do Sul.
“Quero dizer à população que, como ser humano, eu estou devastado por dentro, como cada um dos gaúchos está”, afirmou Leite. “Mas, como governador, estou aqui firme e garanto que não vamos titubear. Estamos fazendo tudo com foco, atenção, disciplina e indignação, para que tudo que esteja ao nosso alcance seja feito, para colocar todas as estruturas em campo e garantir que todas as pessoas que estão suplicando por resgate sejam salvas.”
Os rios Caí, Taquari e Jacuí estão enfrentando as maiores cheias já registradas, com previsão de aumento dos respectivos níveis nas próximas horas, de acordo com levantamentos hidrológicos.
Rompimento de barragem
Os temporais provocaram o rompimento da barragem 14 de Julho, na Serra Gaúcha, na tarde desta quinta-feira, 2. Outras barragens como a de Blang, no rio Caí, próximo de São Francisco de Paula, estão sob vigilância intensa devido ao risco de rompimento.
Leite citou conversas com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), autarquia responsável pela fiscalização da represa, que garantiu a adoção de medidas de emergência.
Outra barragem em estado crítico é a de São Miguel, perto de Bento Gonçalves e Pinto Bandeira. Evacuações já estão sendo realizadas nas localidades próximas, segundo a Secom.
Gabinetes de crise avançados foram instalados em Santa Cruz do Sul, Bento Gonçalves e São Sebastião do Caí. O objetivo é coordenar as operações de resgate e atender às emergências nas regiões mais afetadas.
As precipitações que atingem a região do Rio Grande do Sul ocorrem em paralelo à onda de calor que afeta o Sudeste do Brasil, informou a CNN. Ambas podem ser explicadas pelo choque entre uma forte massa de ar frio e outra quente, que vão manter o tempo instável e com chuvas em diversas áreas gaúchas pelos próximos dias.
Uma frente fria já se encontra no Rio Grande do Sul, mas esta não será suficiente para para romper o bloqueio da massa de ar quente. Isso deverá provocar novas chuvas no Norte Rio-grandense e em parte de Santa Catarina até este sábado, 4.