Cerca de seis a cada dez brasileiros aprovam a proibição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a atos alusivos aos 60 anos do golpe de Estado que deu início à ditadura militar (1964-1985) no país, segundo levantamento divulgado pelo Instituto Datafolha no sábado (30).
Em contrapartida, 33% dos entrevistados dizem que Lula agiu mal ao proibir ministros de organizar atos sobre o 60º aniversário do golpe. Outros 8% não souberam responder.
Foram ouvidas 2.002 pessoas de 16 anos ou mais em 147 municípios pelo Brasil nos dias 19 e 20 de março. A margem de erro é dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
- Lula agiu bem em proibir ministros de realizarem atos de lembrança ao golpe de 1964: 59%
- Lula agiu mal em proibir ministros de realizarem atos de lembrança ao golpe de 1964: 33%
- Não sabem: 8%
Segundo apurou o analista da CNN Pedro Venceslau, o presidente Lula decidiu não melindrar os militares e orientou que fossem evitados eventos oficiais em memória aos 60 anos do golpe militar, o que levou o Ministério de Direitos Humanos, chefiado por Silvio Almeida, a cancelar uma cerimônia marcada para o dia 1º de abril.
Nos bastidores do governo federal, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e Silvio Almeida travaram uma disputa silenciosa sobre o tratamento que deveria ser dado à efeméride.
À CNN, o historiador Rogério Sottili, diretor do Instituto Vladimir Herzog e ex-secretário de Direitos Humanos do governo Dilma Rousseff (PT), disse ver com preocupação o silêncio de Lula a respeito do tema.
“A sociedade civil espera e vai cobrar do atual governo o cumprimento de políticas públicas de reparação e memória dos atos de violência contra a democracia na ditadura militar”, expressou Sottili.
O ativista também cobra de Lula a promessa da recriação da Comissão Nacional de Mortos e Desaparecidos, que foi desativada ao final do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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