Nesta segunda-feira (23), a Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais (ABCAA) anunciará qual produção nacional será o representante oficial do Brasil no Oscar 2025 na categoria de Melhor Filme Internacional. Entre os títulos pré-selecionados estão “Ainda Estou Aqui“, “Motel Destino” e “Cidade; Campo“.
No entanto, engana-se quem pensa que apenas um dos títulos mencionados terá chance de ser representar o Brasil na premiação mais respeitada do cinema. Há outras produções nacionais que serão submetidas à consideração da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) responsável pelo Oscar. Essas obras, no entanto, buscam espaço em outras categorias, como Melhor Curta-Metragem em Live-Action, Melhor Documentário e Melhor Curta-Documental.
“Muitas pessoas não sabem que o Brasil tem candidatos em diversas categorias todos os anos. É uma pena, pois, na última década, foram essas categorias que levaram o Brasil mais longe, como o longa-documentário ‘Democracia em Vertigem‘, de Petra Costa, a animação ‘O Menino e o Mundo‘, de Alê Abreu, e o curta de ficção ‘Sideral’, de Carlos Segundo“, afirma Juliana Sakae, jornalista e especialista em campanhas de Oscar para filmes independentes, à CNN.
A qualificação de longas nessas categorias geralmente não é feita pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais, mas sim pela participação em eventos e festivais certificados pela AMPAS, como o festival de animações “Anima Mundi” e o festival de documentários “É Tudo Verdade“.
Com as vitórias na edição de 2024 do “É Tudo Verdade”, o documentário “Tesouro Natterer“, de Renato Barbieri, e o curta-documental “As Placas São Invisíveis“, de Gabrielle Ferreira, serão submetidos ao Oscar em suas respectivas categorias.
Quem também foi classificado à categoria de Melhor Curta-Metragem em Live Action foram “Boi de Conchas”, de Daniel Barosa, exibido no Festival de Sundance, e “O Sertão Vai Vir ao Mar“, de Rodrigo Cesar.
À CNN, Barosa e Cesar celebraram a qualificação de suas obras.
“É uma honra enorme já estar na corrida pelo Oscar. Nossa expectativa é que o filme ganhe visibilidade tanto na indústria americana quanto internacional. Esperamos que as pessoas possam ver a diversidade e a profundidade do que produzimos, destacando as diferentes histórias e estilos que o nosso cinema tem a oferecer”, afirma Daniel Barosa.
“A oportunidade de apresentar um filme nordestino, paraibano, aos membros da Academia ao redor do mundo, proporcionando uma imersão em um Brasil profundo, é uma recompensa por si só”, diz Rodrigo Cesar. “É uma chance de destacar o valor do cinema nordestino, produzido por profissionais locais, em uma região com enorme potencial para a produção audiovisual.”
Outro candidato qualificado, graças à participação no Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro, é “Engole o Choro“, de Fabio Rodrigo.
Conheça as produções
Tesouro Natterer
O longa-documentário “Tesouro Natterer” conta a história de Johann Natterer, que integrou a Expedição Austríaca que acompanhou a Arquiduquesa Leopoldina em sua chegada ao Brasil em 1817. Natterer foi o membro da expedição que permaneceu mais tempo no país, totalizando 18 anos.
Durante esse período, ele reuniu mais de 50 mil objetos, incluindo o maior acervo etnográfico sobre povos indígenas do Brasil, que atualmente está preservado em dois renomados museus de Viena: o Museu de História Natural e o Weltmuseum Wien.
As Placas São Invisíveis
O curta-documental retrata cinco estudantes negras que compartilham suas vivências na Universidade de São Paulo, uma das instituições mais exclusivas do Brasil, em 2015, em um período de grande mobilização em favor das cotas.
Boi de Conchas
Em luto pela irmã desaparecida, Rayane enfrenta uma rotina desafiadora, ajudando o pai pescador enquanto se prepara para o festival de música da escola — a menos que ela se torne uma das vítimas da maldição que aflige vários adolescentes da região.
O Sertão Vai Vir ao Mar
Bento (Tay Lopez) e Ciço (Joálisson Cunha) são dois vaqueiros que trabalham em uma fazenda e têm suas vidas transformadas quando precisam viajar para João Pessoa, a capital da Paraíba.
Engole o Choro
Na periferia de São Paulo, Anderson, de 17 anos, rouba uma moto. Ele busca se afirmar como homem, tentando superar anos de exclusão e rejeição, mas acabará enfrentando algo que nunca aprendeu a lidar: seus próprios sentimentos.
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