Integrantes da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) têm se infiltrado na Bolívia com o uso de documentos falsificados e o suporte de mercenários. Um dos casos mais recentes envolve Marcos Roberto de Almeida, conhecido como Tuta, foragido desde fevereiro de 2024.
Ele foi preso na última sexta-feira, 16, em Santa Cruz de La Sierra, ao apresentar um documento falso enquanto tentava renovar o visto. Tuta foi condenado a mais de 12 anos de prisão por associação criminosa e lavagem de dinheiro que ultrapassa R$ 1 bilhão. A apuração é do portal Uol.
A Bolívia tem sido estrategicamente escolhida por sua localização geográfica e pela dificuldade de entrada da polícia brasileira. Segundo fontes ligadas às investigações, líderes da facção investem há pelo menos quatro anos em jóias, restaurantes e fazendas no país vizinho.
Blog:Diretor-geral da PF, Andrei Passos, explica a logística para trazer chefe do PCC ao Brasil. “Tuta” pode ser expulso ou extraditado da Bolívia, onde está foragido desde2021
E a logística pra prender o grupo criminoso que roubou bilhões do INSS. Hein? pic.twitter.com/QhG8BalXiP
— Freu Rodrigues (@freu_rodrigues) May 17, 2025
Uma investigação do Ministério Público de São Paulo, com apoio da Polícia Militar, revelou que a cúpula do PCC chegou a planejar, na Bolívia, um resgate de Marcola, líder da facção, que cumpre pena em um presídio federal. O plano incluía recrutar criminosos especializados em ações de “novo cangaço” ou “domínio de cidades” e treiná-los com mercenários estrangeiros na Bolívia.
“As lideranças do PCC comandam os negócios na Bolívia por meio de aplicativos que não podem ser interceptados”, afirma Lincoln Gakiya, promotor de Justiça de São Paulo. “A corrupção facilita a permanência dos criminosos, sustentando uma rede de proteção”.
Os criminosos na Bolívia controlam a chamada “sintonia internacional” — setor responsável pela coordenação das ações da facção fora do Brasil. A comunicação é feita por meio de aplicativos com criptografia e chips internacionais, para dificultar a interceptação.
Segundo a desembargadora Ivana David, “é preciso investir em tecnologia para que as polícias consigam avançar nas investigações e descobrir mais detalhes sobre a operação na Bolívia”. Especialista em investigações sobre o crime organizado, ela conta que o PCC tem fazendas e investimentos no país vizinho.
🚨 PCC NA MIRA DA INTERPOL
– Interpol tenta localizar outros integrantes do PCC na Bolívia.
– A operação se deve após a prisão do chefão da organização criminosa no país.
Via: Band Jornalismo pic.twitter.com/aTzwB90Dhc
— JORNAL DIREITA TV (@bolsonarotv_) May 20, 2025
PCC deu ordens para assassinar autoridades e resgatar líderes
Agentes envolvidos nas investigações afirmam que integrantes do PCC na Bolívia receberam ordens diretas para assassinar autoridades brasileiras e resgatar líderes da facção detidos em penitenciárias federais.
Entre os mais procurados está Sérgio Luiz de Freitas Filho, o Mijão, líder nas ruas e apontado como responsável por negociações de tráfico internacional. Ele foi condenado a oito anos e dois meses de prisão pela 1ª Vara Criminal de Ivinhema (MS) e está na lista da Interpol.
Outro nome ligado a ações estratégicas do PCC é Patric Velinton Salomão, o Forjado. Libertado da Penitenciária Federal de Brasília em 2022, ele integrava um núcleo especializado em ações complexas, como o suposto plano de sequestro do senador Sergio Moro, posteriormente desarticulado pela Polícia Federal. Forjado era visto como líder dentro da prisão.

As investigações também apontam a presença de Sílvio Luiz Ferreira, o Cebola, na Bolívia. Ele é dono de ao menos 56 ônibus da empresa Upbus, originada de uma cooperativa de transporte. Em 2012, foi flagrado com quase meia tonelada de maconha no mesmo endereço ligado à companhia.
André Oliveira Macedo, o André do Rap, embora não integre formalmente o PCC, é considerado um dos maiores operadores do tráfico internacional de cocaína. Ele estaria utilizando fazendas ligadas à facção para enviar drogas à Europa.
Depois de ser solto em 2020, por decisão do STF — posteriormente revertida —, André do Rap desapareceu e agora é procurado internacionalmente. Investigações indicam que ele se divide entre a Bolívia e a África e coordena o tráfico por portos brasileiros.