domingo, novembro 17, 2024
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CubeSats da ESA enviam primeiro sinal em missão de defesa planetária

A Agência Espacial Europeia (ESA) realizou com sucesso a primeira ativação dos CubeSats Juventas e Milani, pequenos satélites que acompanham a missão de defesa planetária Hera, destinada ao asteroide Dimorphos. Os CubeSats, atualmente armazenados na nave principal, enviaram sinais confirmando o funcionamento nominal de seus sistemas e marcaram o início das operações da ESA com CubeSats em missões de espaço profundo.

CubeSats são pequenos satélites em formato de cubo desenvolvidos com padrões modulares que permitem a personalização para diferentes missões espaciais. Eles foram inicialmente projetados para missões educacionais e científicas de baixo custo, mas, com o avanço da tecnologia, passaram a ser usados também para missões complexas, incluindo exploração interplanetária e monitoramento ambiental.

A estrutura compacta e padronizada dos CubeSats facilita o lançamento múltiplo e permite que sejam transportados como cargas secundárias em foguetes maiores, reduzindo significativamente os custos de envio ao espaço.

Essa ativação é um passo significativo para a ESA, que testa pela primeira vez a viabilidade de operar CubeSats em uma missão interplanetária. Segundo Franco Perez Lissi, engenheiro dos CubeSats da Hera, os testes iniciais consistiram em verificações de ativação e checagem de sistemas, essenciais para o funcionamento futuro dos satélites quando estiverem em operação autônoma no espaço.

CubeSat Juventas sendo colocado em seu Dispositivo de Armazenamento para Espaço Profundo. (Imagem: ESA / Divulgação)

Primeiros testes e ativações dos CubeSats

Cada CubeSat foi ativado por cerca de uma hora em sessões ao vivo para um teste inicial de operação chamado “Você está vivo?” e “checagem de armazenamento”, conforme detalhou Franco Perez Lissi, engenheiro de CubeSats da missão Hera. Nesse processo, foram acionados sistemas como aviônicos, instrumentos e rodas de reação dos CubeSats, componentes essenciais para o controle de atitude dos satélites quando estiverem em voo livre.

Esses pequenos satélites foram lançados no dia 7 de outubro a bordo da missão Hera, destinada ao asteroide Dimorphos — o primeiro corpo do Sistema Solar a ter sua órbita alterada pela ação humana, através do impacto da sonda DART da NASA em 2022. Os CubeSats estão atualmente armazenados em compartimentos específicos na nave e irão realizar operações adicionais e mais arriscadas que a nave principal.

Juventas e Milani: missões diferenciadas

  • O CubeSat Juventas, produzido pela GOMspace em Luxemburgo, realizará a primeira prospecção de radar dentro de um asteroide.
  • Já o Milani, criado pela Tyvak International na Itália, será encarregado da prospecção mineral multiespectral de Dimorphos.
  • As ativações iniciais ocorreram com Juventas sendo acionado a 4 milhões de quilômetros da Terra no dia 17 de outubro, enquanto o Milani foi ativado em 24 de outubro, a 7,9 milhões de quilômetros de distância.
  • Devido às distâncias, o atraso de comunicação alcançou 32,6 segundos para o Juventas e 52 segundos para o Milani.
Juventas estuda a estrutura interna do asteroide. (Imagem: ESA / Divulgação)

Centro de controle e infraestrutura de comunicação

A central de operações da missão Hera, localizada no Centro de Controle da ESA em Darmstadt, na Alemanha, coordenou a transmissão dos dados e o monitoramento de telemetria, que envolveu uma rede complexa de controle com o Centro Europeu de Segurança Espacial e Educação (ESEC) em Redu, na Bélgica. Esse processo foi fundamental para validar a estrutura de comunicação e garantir o sucesso das próximas operações, segundo Sylvain Lodiot, gerente de operações da Hera.

Milani estuda a poeira do asteroide. (Imagem: ESA / Divulgação)

Andrea Zanotti, engenheiro-chefe do Milani, destacou que o CubeSat Milani não sofreu reinicializações ou picos anormais de corrente ou voltagem, resistindo às condições adversas do espaço profundo. Camiel Plevier, engenheiro-chefe do Juventas, também ressaltou que, após uma semana de lançamento, a bateria dos CubeSats manteve alta carga, mesmo em temperaturas de 5 °C.

Futuro da missão e projeções para o lançamento dos CubeSats

Juventas e Milani permanecerão nos compartimentos de armazenamento até o final de 2026, quando serão lançados na órbita de Dimorphos a uma velocidade muito baixa para evitar que escapem da gravidade do asteroide, que é semelhante ao tamanho da Grande Pirâmide de Gizé.

Franco Perez Lissi reforça que a ativação dos CubeSats representa um avanço importante para a ESA e seus parceiros industriais, abrindo portas para futuras missões com pequenas espaçonaves auxiliares, como a missão Ramses e o Comet Interceptor, ambos projetos para defesa planetária.

A partir de agora, os CubeSats serão ativados a cada dois meses durante a fase de cruzeiro da missão Hera, realizando operações de rotina como verificações de sistemas, condicionamento de baterias e atualizações de software.

Via Olhar Digital

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