Cristais encontrados em um meteorito marciano sugerem que pode ter havido água quente em Marte há 4,45 bilhões de anos. A rocha, chamada NWA7034, ou Beleza Negra, continha “impressões digitais” geoquímicas de fluidos ricos em água, o que indica que o planeta pode ter sido habitável em algum momento do passado.
A descoberta foi publicada na revista científica Science Advances no último dia 22. Segundo Aaron Cavosie, coautor do estudo e professor da Escola de Ciências da Terra e Planetárias da Universidade de Curtin, na Austrália, a descoberta abriu novos caminhos para a compreensão dos antigos sistemas hidrotermais de Marte associados ao magmatismo.
“Os sistemas hidrotermais foram essenciais para o desenvolvimento da vida na Terra e nossas descobertas sugerem que Marte também tinha água, um ingrediente essencial para ambientes habitáveis, durante a história inicial da formação da crosta”, afirma Cavosie em comunicado divulgado pela Universidade de Curtin.
Por meio de imagens em nanoescala e espectroscopia, a equipe de pesquisadores identificou padrões de elementos no meteorito, incluindo ferro, alumínio, ítrio e sódio. “Esses elementos foram adicionados quando o zircão se formou há 4,45 bilhões de anos, sugerindo que havia água presente durante a atividade magmática marciana inicial”, explica o autor.
Segundo o pesquisador, embora a crosta de Marte tenha sofrido impactos de meteoritos ao longo do tempo, a água estava presente no início do período Pré-Noéquio, cerca de 4,1 bilhões de anos atrás.
O meteorito NWA7034 foi descoberto no Marrocos, em 2011, e muito da história e características de Marte foi aprendido através do estudo da rocha. O meteorito foi lançado ao espaço por um impacto na superfície marciana antes de cair no deserto do Saara — é daí que vem seu nome: “NWA” é a sigla para “Northwest Africa” (“Noroeste da África”, em tradução do inglês).
“Este novo estudo nos leva um passo adiante na compreensão do início de Marte, por meio da identificação de sinais reveladores de fluidos ricos em água de quando o grão se formou, fornecendo marcadores geoquímicos de água na crosta marciana mais antiga conhecida”, afirma Cavosie.
Evidências de água líquida em Marte são encontradas por cientistas