quinta-feira, setembro 19, 2024
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Crime cósmico é desvendado após mais de 800 anos

Um artigo publicado este mês no The Astrophysical Journal desvenda o mistério de um “crime cósmico” envolvendo uma supernova que perdurou por 843 anos.

Em 1181, enquanto a Guerra Genpei assolava o Japão, uma estrela convidada misteriosa apareceu brevemente sobre a Ásia. Uma estrela convidada é aquela que se torna repentinamente visível em um local do céu onde nenhuma outra já havia sido observada antes, e volta a ficar invisível novamente após algum tempo.

Aquela ocasião foi um evento fugaz que intrigou astrônomos por séculos até recentemente, quando pesquisadores finalmente desvendaram o mistério por trás da supernova (SN) 1181.

Observações da supernova SN 1181 . Crédito: Wikimedia Commons NASA

A descoberta revelou que o fenômeno foi desencadeado pela colisão espetacular de duas anãs brancas, estrelas mortas que resfriam após gastar seu combustível nuclear. 

Essas anãs brancas, remanescentes de estrelas que uma vez foram como o nosso Sol, entraram em conflito cósmico, lançando choques e formando uma supernova do tipo Iax, um evento raro que deixou uma anã branca remanescente girando rapidamente.

Modelagem computacional ajuda a “reconstituir o crime”

Liderada por Takatoshi Ko, da Universidade de Tóquio, a equipe de cientistas usou modelagem computacional avançada e análises observacionais para reconstituir o “crime”. Eles descobriram não apenas o que causou a SN 1181, mas também que ventos estelares de alta velocidade começaram a soprar da anã branca remanescente há apenas duas décadas, um fenômeno intrigante que desafia as expectativas.

Estudo investigou a SN 1181, uma supernova de magnitude zero que apareceu no norte de Cassiopeia em 6 de agosto de 1181. Crédito: Robert Fesen via SkyAndTelescope.org

Essa descoberta não só revela o poder da astronomia moderna em combinar ciência de ponta com registros históricos para desvendar mistérios cósmicos, como também oferece perspectivas profundas sobre a evolução das supernovas e a vida após a morte estelar. 

Enquanto diminuem em tamanho, as anãs brancas continuam sendo fontes de descoberta para os astrônomos, revelando segredos sobre o ciclo de vida estelar e o destino de estrelas como o Sol.

Morte de estrelas ajuda a prever o futuro de outras

Essa pesquisa destaca a importância da interdisciplinaridade, conectando campos como arqueologia cósmica e física de altas energias para desvendar novas dimensões dos fenômenos astronômicos. A capacidade de determinar a idade e a evolução dos remanescentes de supernovas, como a SNR 1181, através de diferentes perspectivas é uma ferramenta inestimável para expandir nosso entendimento do Universo.

Agora, os cientistas estão ansiosos para confirmar essas descobertas com novas observações usando tecnologias avançadas como o radiotelescópio Very Large Array (VLA), no Novo México, e o telescópio Subaru, no Havaí, preparando-se para explorar ainda mais os mistérios da SN 1181 no céu noturno.

Assim como investigadores de um crime, eles buscam pistas nos confins do cosmos, desvendando os segredos das estrelas mortas e o que suas colisões podem revelar sobre o futuro das estrelas e o Universo em expansão.

Via Olhar Digital

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