sexta-feira, novembro 22, 2024
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CPI da Braskem: ex-diretor do Serviço Geológico Brasileiro diz que mineradora agiu com “negligência e imprudência”

Em depoimento à CPI da Braskem nesta quarta-feira (06), Thales Sampaio, geólogo e ex-diretor do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), afirmou que a mineradora fez a extração de sal-gema em Maceió com “negligência e impudência”.

Sampaio liderou um estudo, em 2019, que revelou que a Braskem foi responsável pelo afundamento do solo em diferentes bairros de Maceió. De acordo com o ex-diretor da SGB, a mineradora não obedeceu a largura e nem a distância entre as cavidades exploradas, como, segundo ele, ficou comprovado em estudos desenvolvidos posteriormente.

“A Braskem sabia perfeitamente que essas cavidades estavam se juntando. […] Ela deixou vazios debaixo do bairro equivalente a 700 mil caminhões de areia, o equivalente a três estádios do Maracanã […] Pela quantidade de vazios que existem no subsolo de Maceió, a quantidade de areia é absurda para preencher e a operação de engenharia é mais absurda ainda”, afirmou Sampaio.

Questionado pelo relator da CPI, senador Rogério Carvalho (PT-SE), se as evidências técnicas apontavam para alguma idoneidade da Braskem, o geólogo disse que houve “negligência e imprudência”, mas não quis apontar nenhum responsável.

Sampaio também revelou detalhes sobre os bastidores da investigação. Segundo ele, a Braskem operava sem autorização para extrair a água utilizada para preencher as minas de sal-gema em poços em aquíferos na região do bairro do Pinheiro.

O ex-diretor da SGB contou que havia dificuldade na relação com a mineradora, caracterizada por discordâncias frequentes nos estudos apresentados pela SGB e comportamento desrespeitoso da Braskem durante as reuniões. Segundo Sampaio, a empresa impunha “silêncio” entre os técnicos e funcionários da planta.

“O Serviço Geológico do Brasil estava pressionado e estava com medo. Teve um determinado momento em que tinha gente querendo sair da equipe”, disse.

Ao ser pressionado pelos senadores para revelar os nomes e momentos em que o geólogo e sua equipe foram ameaçados, o depoente preferiu não se comprometer. Por isso, o relator afirmou que irá investigar atas de reuniões e protocolos para saber quem são os possíveis ameaçadores.

“Ao longo de toda a apresentação, houve vários questionamentos que esclareceram pra nós todos o quanto a Braskem e outras empresas tiveram responsabilidade na produção ou na formação do estado em que se encontra a mina de sal-gema no subsolo da região de Maceió. Os nomes, os relatórios e tudo aquilo que foi tocado aqui a nossa assessoria já foi orientada a solicitar sob a forma de informação”, disse Carvalho

Sampaio também revelou que a profundidade estimada da mina sete, próxima à Lagoa Mundaú, era comparável à altura do Empire State Building nos Estados Unidos, que é de 385 metros. Ainda segundo o geólogo, o vazio não indica que um novo colapso irá acontecer, mas deixa o sinal ligado o sinal de um possível desastre.

Depoimento adiado e requerimentos aprovados

Na sessão desta quarta estava previsto um outro depoimento com o Diretor-Geral da Agência Nacional de Mineração (ANM), Mauro Henrique Moreira Sousa. Porém, o depoente não compareceu. Ao presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), Souza afirmou que está fora do país em uma viagem oficial e que está à disposição para depor numa outra data.

Foram aprovados, ainda, requerimentos para convocação e pedidos de informação da ANM, Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas, ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e à Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

A próxima sessão da CPI está prevista para terça-feira (12), às 9h.

A CNN procurou a Braskem para repecutir as declarações dadas na CPI hoje, mas ainda não teve retorno. O espaço segue aberto.

Via CNN

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