sábado, julho 6, 2024
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Corredores verdes ajudam a evitar tragédias (e existem no Brasil)

As enchentes no Rio Grande do Sul ligaram o alerta para a necessidade de se prevenir contra fenômenos causados pelas mudanças climáticas, que se tornarão mais frequentes e intensos daqui para frente. Um levantamento da Casa Civil e do Ministério das Cidades, por exemplo, divulgou, no início deste ano, que mais de 1,9 mil municípios estão em zonas de risco para eventos climáticos extremos, expondo quase nove milhões de brasileiros aos desastres.

Com o alerta, as cidades começam a repensar sua infraestrutura e estratégias em direção a projetos mais sustentáveis, como cidades-esponja e corredores verdes, capazes de mitigar os danos que estão por vir.

Curitiba é exemplo de capital brasileira que funciona como cidade-esponja (Imagem: Black Layer Creative/Shutterstock)

Mudanças climáticas colocam populações em risco

O Olhar Digital já reportou anteriormente que as enchentes no Rio Grande do Sul aumentaram nos últimos anos e se tornarão cada vez mais frequentes. Os eventos extremos também se tornarão mais comuns daqui para frente. O motivo principal são as mudanças climáticas.

Segundo a professora Adriana Sandre, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), os riscos diante das mudanças são diversos:

Podemos elencar vários riscos: o volume excessivo de chuva em algumas regiões, como no Rio Grande do Sul; riscos vinculados ao volume excessivo, como os alagamentos, deslizamento de terras, proliferação de doenças pelas águas e umidade. Riscos vinculados à nossa área costeira, sujeita a ondas gigantes e eventuais avanços do mar. Ondas de calor, como vimos na região Sudeste, que impactam diretamente a saúde das pessoas e a hidratação, e atingem a segurança alimentar do local, pois prejudicam as plantações da área e secam os reservatórios de água mais rapidamente.

Adriana Sandre, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, em entrevista ao Jornal da USP

corredor verde
Corredores verdes já são estratégia presente na América Latina, inclusive no Brasil (Imagem: XalD/Wikimedia Commons/CC BY-SA 4.0)

Cidades-esponja e corredores verdes são estratégias de mitigação dos riscos

Diante dos riscos iminentes das mudanças climáticas, estratégias já aparecem ao redor do mundo para mitigá-los.

Um exemplo são as cidades-esponja, que o Olhar Digital já detalhou nesta reportagem. Trata-se de cidades com planejamento hídrico eficiente, com o aumento de parques verdes e, consequentemente, áreas de drenagem e irrigação natural.

Há um caso brasileiro notável de cidade-esponja: Curitiba (PR), que usa seus parques como reservatório das águas dos rios sob risco de transbordamento, evitando enchentes na área urbana.

Outra estratégia são os corredores verdes. Como Sandre explicou ao Jornal da USP, são ruas arborizadas em partes lineares que se conectam na cidade e ajudam no aumento da biodiversidade, na diminuição da temperatura do ar e na mitigação das ilhas de calor.

Os corredores verdes também colaboram na captação das águas das chuvas, impedindo a formação de enchentes e deslizamentos de terra, e melhoram a qualidade do ar local.

Um exemplo notável dessa iniciativa é em Medellín (Colômbia). Por lá, o plano envolveu plantio de 120 mil plantas individuais e 12,5 mil árvores em ruas e parques. Em 2021, já eram 2,5 milhões de plantas menores e 880 mil árvores em toda a cidade, com redução expressiva na temperatura e melhora na qualidade do ar e na poluição sonora.

A professora também mencionou Maringá (PR), que segue a mesma tendência e vem tendo resultados positivos.

Debate sobre mudanças climáticas no Brasil ainda não tem devida importância

  • Sandre também chamou atenção para o debate sobre as mudanças climáticas no Brasil, que não tem a devida importância;
  • Ela destaca certo negacionismo, inclusive, por parte de pessoas no governo, de negar as mudanças climáticas mesmo diante de tragédias;
  • Para além do negacionismo, as estratégias de mitigação, como os corredores verdes e cidades-esponja mencionados, ainda têm barreiras de aceitação e implementação concreta;
  • A professora cita o exemplo da canalização de córregos em São Paulo (SP) usando concreto, mesmo com o conhecimento de que o material impede a passagem de água na região.

Via Olhar Digital

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