A COP30 — 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima — acontece em Belém, capital do Pará, entre 10 e 21 de novembro deste ano. Ao longo dos 30 anos que se passaram desde que a primeira cúpula, importantes acordos foram firmados entre os países para tentar desacelerar as mudanças climáticas, mas nem sempre foram cumpridos.
Da primeira edição do evento, que ocorreu em Berlim, na Alemanha, a emergência climática causada pelo aquecimento global apenas se acentuou, conforme a professora de relações internacionais Denilde Holzhacker. “Você tem sempre um equilíbrio entre as expectativas, que são muitas, e os resultados, que muitas vezes acabam sendo limitados, em um ou dois países”, comenta.
Mesmo que seja “um processo lento”, a especialista considera que há sempre avanços entre uma COP e outra: em relação ao conhecimento sobre os impactos das mudanças climáticas e à organização dos países para agir.
O evento deste ano — que trará alguns dos principais líderes mundiais para discutir a questão climática na Amazônia brasileira — deve discutir um novo texto e enfrentar o desafio de alcançar pontos importantes que fracassaram em outras COP.
Relembre os maiores acordos da COP
Protocolo de Kyoto
Em 1997, na COP3, o primeiro grande acordo internacional para controle da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera foi firmado: o Protocolo de Kyoto.
Dentre as metas estabelecidas, o acordo previa a redução de 5,2% na emissão de poluentes, em relação a 1990, principalmente por parte dos países industrializados. Além de estimular novas formas de desenvolvimento sustentável.
Em 2001, os Estados Unidos abandonaram o acordo, com a justificativa de que cumprir as metas estabelecidas comprometeria o desenvolvimento econômico do país.
Acordo de Paris
Durante a COP21, em 2015, mais de 190 países aprovaram o Acordo de Paris, que foi assinado para atualizar e substituir as diretrizes do Protocolo de Kyoto.
A meta estabelecida pelo novo texto é a de manter o aumento da temperatura global abaixo dos 2°C, em relação à média pré-industrial, contudo, buscando limitar essa diferença a 1,5°C.
Segundo a ONU, no entanto, os avanços recentes dos países signatários do tratado estão “muito longe” de conter o aquecimento global, e apenas 1% das emissões serão contidas até 2030 com os resultados obtidos até então.
Pela primeira vez em 2024, a temperatura média do planeta ultrapassou o limite de 1,5°C acima da média pré-industrial. Tornando o ano passado o mais quente já registrado.
Em seu primeiro dia de mandato, em janeiro de 2025, o presidente Donald Trump assinou a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris.
Expectativas para a COP30
O maior desafio para o Brasil ao sediar a COP30 neste ano, será a abordagem em relação ao financiamento climático – um fundo para que países desenvolvidos possam ajudar economicamente os países em desenvolvimento a cumprir as metas e fazer a transição energética sem prejudicar suas economias.
A falta de consenso nesta questão foi o que fez com que o acordo firmado na COP29 fosse considerado um fracasso por especialistas.
“Há um espaço para se discutir possibilidades de avanços, mas tudo dependerá do quanto os países estarão dispostos a enfrentar essa discussão mais central com relação ao financiamento”, avalia Denilde Holzhacker. “Para que se chegue a um equilíbrio não só entre os países que são grandes poluidores, mas também entre os países que necessitam de recursos para avançar nas mitigações.”