Até alguns meses atrás, o deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) afirmava que a Venezuela não vive sob uma ditadura. Além disso, o parlamentar reconhecia o ditador Nicolás Maduro como “presidente do país”.
Agora, como pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, o psolista tem adotado uma postura diferente das anteriores, com um tom crítico ao regime chavista. Recentemente, afirmou que o país bolivariano não é seu “modelo de democracia”.
Boulos já disse que Cuba e Venezuela não são ditaduras
Em 2018, quando era candidato à Presidência da República, Boulos declarou em uma sabatina que Venezuela e Cuba não eram ditaduras. “Aliás, houve eleições recentemente”, afirmou. “Cuba elegeu seu presidente. O governo Maduro foi eleito pelo povo.”
O psolista chegou a comparar Maduro a Michel Temer (MDB), então presidente do Brasil. Na ocasião, Boulos disse que o povo venezuelano elegeu Maduro com 7,5 milhões de votos, enquanto Temer não recebeu votos diretos.
Temer assumiu a Presidência da República em agosto de 2016, depois do processo de impeachment tirar a petista Dilma Rousseff do poder. O emedebista era o vice-presidente, a partir de acordo selado entre PT e MDB — e, na chapa, foi eleito e reeleito para tal função.
Apoio à Assembleia Constituinte de Maduro
Boulos também defendeu a Assembleia Nacional Constituinte convocada por Maduro, em 2017, para anular o poder da oposição, que comandava o Legislativo da Venezuela desde 2016.
O regime chavista desfez a Constituinte, em 2020, sem apresentar uma nova Constituição. “Todo apoio à votação de hoje pela Constituinte na Venezuela”, afirmou Boulos. “Quem tem medo da participação popular, tem medo da democracia.”
Críticas a Juan Guaidó e a Bolsonaro
Juan Guaidó, antigo opositor de Maduro, e o ex-presidente Jair Bolsonaro também foram alvos de ataques de Boulos. Em 2019, o psolista disse que o ex-presidente apoiava um golpe. Na ocasião, Bolsonaro reconheceu Guaidó, quando se autoproclamou presidente interino da Venezuela.
Recentemente, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela declarou Maduro vencedor com 51,2% dos votos, contra 44,2% de Edmundo González, em um pleito contestado por líderes mundiais.