Uma atualização no aplicativo do X (antigo Twitter) permitiu que alguns usuários brasileiros voltassem a acessar a plataforma, mesmo após o bloqueio judicial imposto recentemente.
A informação foi confirmada por Basílio Rodriguez Perez, conselheiro da Associação Brasileira dos Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), em entrevista ao CNN 360°.
Segundo Perez, a atualização ocorreu durante a noite e fez com que o aplicativo passasse a acessar um serviço conhecido como “proxy reverse”, utilizando CDNs (Content Delivery Networks) como o CloudFlare.
“O próprio aplicativo passou a acessar através de outras redes que não a própria rede do X”, explicou o especialista.
Atualizações automáticas e implicações técnicas
O conselheiro da Abrint ressaltou que as atualizações de aplicativos são comuns e geralmente automáticas, visando melhorias de segurança e funcionalidade.
No caso do X, a mudança parece ter sido intencional para encontrar uma forma alternativa de acesso.
Perez destacou que o bloqueio original solicitado pela justiça foi cumprido pelos provedores, mas a nova situação apresenta desafios técnicos.
“Agora eles não estão usando a rede do X, eles estão usando um serviço do CloudFlare que é um serviço de uma nuvem que está no mundo todo e que tem 24 milhões de domínios de sites dentro dessa rede”, explicou.
Complexidade do bloqueio e próximos passos
A situação atual torna o bloqueio mais complexo, pois ações mais amplas poderiam afetar outros serviços essenciais da internet.
“Se a gente bloquear o CloudFlare até a CNN sai do ar”, exemplificou Perez, ressaltando a necessidade de aguardar novas orientações da Anatel ou da justiça.
O conselheiro também explicou por que alguns usuários conseguem acessar o X enquanto outros não.
A diferença está relacionada ao DNS (Sistema de Nomes de Domínio) utilizado. Usuários que acessam DNS públicos, como os do Google ou do próprio CloudFlare, conseguem contornar o bloqueio, enquanto aqueles que usam DNS de operadoras com restrições permanecem sem acesso.
A situação evidencia a complexidade técnica envolvida na implementação de decisões judiciais no âmbito digital, demandando soluções mais específicas e detalhadas para efetivamente restringir o acesso à plataforma sem afetar outros serviços essenciais da internet.