O artista pernambucano J. Borges morreu na manhã desta sexta-feira (26), aos 88 anos. Xilogravurista, poeta e cordelista, Borges se dedicou à cultura popular por mais de seis décadas, e já teve suas obras expostas em museus como o Louvre e o Museu de Arte Moderna de Nova York.
O pernambucano foi internado na semana passada para receber algumas medicações na veia, porém havia sido liberado e retornado para casa. Segundo a família, ele morreu de “causas naturais”.
“Aos 88 anos, Borges se vai, deixando um legado gigante. Sua arte permanecerá no mundo, alegrando o coração de seus admiradores”, diz homenagem publicada nas redes sociais do artista. “Você foi responsável por criar uma identidade única para gravura. E seu nome será lembrado até as próximas gerações.”
Conheça a vida e obra de J. Borges
Nascido em Bezerros em 20 de dezembro de 1935, José Francisco Borges trabalhou na lavoura, foi pedreiro, carpinteiro, pintor de parede e vendedor durante a infância e adolescência. Frequentou a escola por apenas 10 meses, quando tinha 12 anos, e já se encantava com a arte do cordel.
Mas foi apenas depois dos 20 que decidiu começar a escrever os próprios folhetos — o primeiro, “O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina”, vendeu mais de cinco mil exemplares em apenas dois meses. Logo ele se iniciou na técnica da xilogravura, para que pudesse fazer as próprias ilustrações para as capas dos cordéis.
A partir dos anos 1970, seu trabalho como xilogravurista passou a ganhar projeção e Borges começa a aparecer na mídia com seu trabalho. É nessa época que ele é apresentado ao escritor Ariano Suassuna, com quem manteve uma longa amizade.
Suas gravuras já foram expostas em diversos museus ao redor do mundo — dentre eles o Louvre, em Paris, o Museu de Arte Moderna de Nova York e o Museu de Arte Popular do Novo México, nos Estados Unidos — e ele já passou por diversos países para representar e divulgar a arte popular nordestina.
As obras de Borges também serviram para ilustrar as páginas de livros de grandes nomes da literatura, como Eduardo Galeano e José Saramago, e ele foi o único artista brasileiro convidado a participar do Calendário da Organização das Nações Unidas, em 2002.
Ao longo de sua vida, já conquistou diversos prêmios, como a comenda da Ordem do Mérito Cultural, o prêmio UNESCO na categoria Ação Educativa/Cultural e o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.
Atualmente, as obras do artista podem ser vistas na exposição “J. Borges – O sol do sertão”, em cartaz no Museu do Pontal, no Rio de Janeiro, até 30 de março de 2025.