O técnico Thiago Carpini foi apresentado pelo São Paulo na última segunda-feira (15) e, perguntado sobre suas referências na carreira, citou alguns treinadores do Brasil e do exterior como Dorival Júnior, Fernando Diniz, Pep Guardiola e Jürgen Klopp. Porém, em meio a tantos nomes conhecidos, um chamou atenção: o de Evaristo Piza, por quem disse ter “gratidão”.
Tem uma pessoa, e entra não só o trabalho e a gratidão, que se chama Evaristo Piza. Foi o cara que, quando eu encerrei a carreira, enxergou em mim um perfil de comissão técnica. E ele fez um primeiro convite para que eu fosse auxiliar dele. No momento eu recusei, estava concluindo minha faculdade, achava que era um pouco cedo. Mas foi um cara que me incentivou. Aprendi muito sobre gestão, trabalho. Sempre cito ele. Não costumo esquecer quem me deu a mão lá atrás
Thiago Carpini, na apresentação ao São Paulo
Natural de Campinas, no interior paulista, Evaristo Piza passou pela base do Flamengo e jogou profissionalmente por Ituano, Olímpia, Moto Clube, Comercial de Ribeirão Preto e também no futebol árabe.
Depois de se aposentar dos gramados, chegou a ser observador do São Paulo e técnico das categorias de base do Guarani e de equipes da liga universitária japonesa.
A carreira como treinador começou a deslanchar em 2010, quando conquistou o acesso da Segunda Divisão para a Série A3 do Campeonato Paulista (na prática, do quarto para o terceiro escalão de São Paulo) com o Paulínia.
Já em 2014, subiu à elite do Paulistão com o título da Série A2 pelo Capivariano e teve a chance de comandar o Guarani no Campeonato Brasileiro da Série C. Foi nessa época que o destino do técnico começou a cruzar com o de Thiago Carpini.
“O Carpini é de Valinhos, ali na região de Campinas, e sempre tivemos amigos em comum, sempre jogamos peladas juntos. Em 2014, quando eu estava indo para o Guarani, ele me pediu uma chance para ficar no elenco. Veio e acabou ficando um longo período”, conta Piza em entrevista à CNN.
No ano seguinte, em 2015, dirigindo o Mirassol, o técnico perdeu o acesso à Série A1 do Paulistão no saldo de gols para o Água Santa e foi semifinalista da Copa Paulista. No XV de Piracicaba, Evaristo Piza e Thiago Carpini voltaram a se encontrar. O Nhô Quim foi semifinalista da Copa Paulista de 2017 e do Paulista da Série A2 de 2018, perdendo o acesso para o Guarani.
“Ele tinha jogado o Mineiro de 2017 pela Caldense e falou: ‘Professor, estou pensando em parar, muita dor no joelho… mas estou fazendo o curso de Educação Física, posso fazer um estágio com você?’ Ele veio em agosto e ficou estagiando até dezembro. Na virada do ano, a diretoria perguntou se eu queria tê-lo na minha comissão, eu aprovei e ele foi contratado”, afirma.
Ele vinha mostrando um bom perfil desde os tempos de jogador, uma boa liderança e referência para o elenco. Na minha comissão, ele sempre foi um elo importante com o vestiário, sempre me ajudando em alguma situação com o elenco, me ajudava também no relacionamento com a diretoria. Eu dava muita autonomia para ele
Evaristo Piza
O treinador teve uma longa passagem pelo Botafogo-PB entre julho de 2018 e março de 2020, após anos trabalhando no interior de São Paulo. Com o clube paraibano, foi campeão estadual em 2019 e vice-campeão da Copa do Nordeste.
“Eu fui com a família para a Paraíba, mas ele foi sozinho, então estávamos juntos sempre, passávamos festas de fim de ano juntos. Enquanto isso, ele foi estudando e se preparando. Em 2019, o Carpini recebeu proposta para ser auxiliar fixo do Guarani. E aceitou, mostrou que já estava começando a pensar em dar voos solos, partir para uma carreira de treinador”, conta Evaristo Piza.
Após passagens por XV de Piracicaba, um retorno ao Botafogo-PB e um trabalho no América-RN, Piza se aventurou no futebol amazonense, onde foi campeão estadual em 2022, com o Manaus. No ano passado, passou por Asa, Sampaio Corrêa e Santa Cruz.
Em 2024, o profissional de 51 anos vai dirigir o Luverdense no Campeonato Mato-Grossense. O objetivo do clube é conseguir o acesso à Série D do Brasileiro.
Mesmo à distância, Evaristo Piza seguirá acompanhando o pupilo e acredita no sucesso de Carpini à frente do São Paulo.
“Ele se preparou muito para chegar a esse patamar. É tudo fruto do mérito e da competência dele. Ninguém consegue salvar um time do rebaixamento para a Série C, várias classificações às quartas do Paulistão e uma final com o Água Santa por acaso. Nada foi por acaso nesse sucesso dele. Ele esperou o momento certo de subir de nível, apostou e colheu frutos pelo Juventude. Tem tudo para dar certo”, finalizou.