Um estaleiro holandês presenciou, nos últimos dias, uma grande vitória para os defensores dos combustíveis verdes. A base da Feadship, em Amsterdã, se abriu no dia 4 de maio para permitir a passagem do chamado Projeto 821, o primeiro super iate com célula de combustível de hidrogênio do mundo.
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A embarcação demorou quase 5 anos para sair do papel. E ficou belíssima. São quase 120 metros de comprimento de puro luxo, com 5 decks, 2 quartos bem espaçosos, banheiros, vestiários, um ginásio, dois escritórios cada um com lareira e sala de estar, área verde, sala de jantar, piscina, biblioteca e até uma área reservada para jacuzzi.
A grande sacada da iniciativa, porém, foi abraçar a tecnologia verde.
As células de combustível de hidrogênio existem desde que as missões Apollo foram à Lua, durante a Corrida Espacial. Mas elas nunca tiveram muita aplicação no setor marítimo – pelo menos não em grande escala.
O Projeto 821 serve para mostrar que, sim, é possível usar esse sistema em iates de grande porte, ao mesmo tempo em que revelou algumas fragilidades.
As dificuldades do hidrogênio
- Serei sempre um grande defensor da tecnologia sustentável, até porque acredito nos cientistas que nos alertam sobre os riscos do aquecimento global.
- Isso, no entanto, não pode fazer com que eu ignore alguns pontos fracos do Projeto 821.
- A começar pela estrutura.
- Um dos maiores obstáculos foi desenvolver uma forma de armazenar hidrogênio líquido abaixo do convés, a -253°C.
- A solução encontrada foi criar um tanque de armazenamento criogênico de parede dupla, só que ele ocupa muito espaço.
- Para você ter uma ideia, esse tanque criogênico é 10 vezes maior do que um tanque normal de diesel.
- E é muito mais caro para ser construído também.
- Ou seja: não é barato, é espaçoso e existe a dificuldade de precisar armazenar o hidrogênio a uma temperatura de -253°C.
Sem potência
Outro agravante é que a célula de hidrogênio não tem uma boa força de propulsão. Esse combustível verde só consegue lidar com passagens muito curtas a menos de 10 nós (18 km/h), como entrar e sair do porto ou passar por áreas ecologicamente protegidas.
Para trajetos longos e que precisam de velocidade, os marinheiros do Projeto 821 precisaram recorrer a outras fontes de combustível, como o metanol ou o HVO.
A solução encontrada foi utilizar o hidrogênio para o que eles chamam de carga hoteleira do iate. Isso significa toda a energia gasta com a TV ligada, ou o ar-condicionado ou qualquer outro aparelho eletrônico.
E, que fique claro, não estou aqui dizendo que esse tipo de tecnologia não serve. Serve, tanto que o iate já está navegando por aí. O ideal, no entanto, seria tornar essas células de combustível mais acessíveis – para que não fiquem restritas a esses veículos de super luxo.
O Projeto 821 será colocado à venda pelos seus criadores. O preço, porém, ainda não foi divulgado.
As informações são do New Atlas.