No litoral do Estado de São Paulo, mais precisamente entre as cidades de Itanhaém e Peruíbe, há uma ilha de 430 mil metros quadrados onde nenhum cidadão pode pisar. Isso porque a espécie Bothrops insularis, a jararaca ilhoa, uma das mais venenosas do mundo, aproveitou o isolamento de 10 mil anos para tomar conta da Ilha das Cobras.
Oficialmente chamada de Ilha da Queimada Grande, a região pertence à Área de Proteção Ambiental de Cananéia-Iguape-Peruíbe. Ela não possui praias arenosas nem enseadas. Por isso, o desembarque de pessoas autorizadas é feito em plataformas rochosas escorregadias.
A decisão de proibir a entrada do público geral é para proteger tanto as pessoas das cobras quanto as cobras das pessoas. A ilha é a segunda com maior densidade populacional de cobras no mundo, atrás apenas da Ilha de Shedao, na China.
A necessidade de adaptação das cobras da ilha
Diferentemente de suas parentes do continente, a jararaca ilhoa se adaptou para subir em árvores, já que seu cardápio na ilha ficou restrito a aves. O veneno da cobra também se tornou mais potente, uma vez que as presas precisam morrer instantaneamente, sem risco de fuga ao mar. A cor da cobra tornou-se menos chamativa, entre um ocre e marrom suave.
As águas que cercam a ilha costumam ter boa visibilidade, recheado de espécies de peixes e tartarugas. Comumente, esses animais não fazem parte do cardápio da cobra.
O nome oficial da ilha, “Queimada Grande”, também tem respaldo histórico. A superpopulação de cobras colocou tanto medo nas pessoas que até a Marinha brasileira já ateou fogo no local como método de controle populacional. As pessoas do continente conseguiam ver as queimadas.