As cidades sofrem mais com os extremos de temperatura causados pelas mudanças climáticas e precisam se adaptar a estes efeitos. Uma das alternativas para diminuir estes impactos é o reflorestamento urbano. No entanto, isso precisa ser muito planejado, já que não é qualquer espécie de árvore que trará os resultados desejados.
Espécie de árvore demonstrou alta tolerância ao estresse climático
- Neste sentido, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) analisaram qual seria a melhor árvore a ser usada nas grandes cidades.
- A escolhida foi a Tipuana tipu, típica do norte da Argentina e sul da Bolívia, mas que foi introduzida em cidades brasileiras a partir da metade do século XX.
- A espécie demonstrou alta tolerância ao estresse e pode ser bem-sucedida em promover a resiliência em grandes cidades, caso de São Paulo, por exemplo.
- No estudo, publicado na revista Urban Climate, foram observados os anéis de crescimento da árvore, que mostram cada ano de sua vida.
- De acordo com a equipe, no período de 2013 e 2014, marcado por uma seca extrema e até mesmo racionamento de recursos hídricos, o esperado seria um atraso no crescimento, mas a espécie mostrou um aumento na taxa.
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Grande capacidade de adaptação ao clima
A análise foi feita de forma não destrutiva, evitando que as árvores tivessem que ser derrubadas. Por meio de um trado de incremento, um tipo de sonda, foram retiradas amostras de 5 mm do tecido.
Além do impacto da seca, também foi possível analisar o comportamento interno da espécie, incluindo os isótopos estáveis de carbono, usados para acessar a contribuição relativa de plantas que realizam a fotossíntese.
Dessa forma, foi possível constatar mudanças históricas, como na composição da poluição do ar após a proibição de adição de chumbo na gasolina, em 1989. Também foram identificadas diferenças causadas pela mudança da direção dos ventos, ocorrida em 2006.
Uma das vantagens da Tipuana é não ser invasora para a vegetação nativa, além da grande capacidade de adaptação ao clima. Além disso, os benefícios que ela traz para a cidade são expressivos e incluem a quantidade de água produzida por evapotranspiração, e, principalmente, a redução da temperatura que ela causa na superfície, sendo uma ótima aliada contra o aumento das temperaturas do planeta.
Atualmente, explicam os pesquisadores, a espécie não está autorizada para ser usada amplamente para arborização, mas a legislação, que antes proibia o plantio de espécies estrangeiras, agora permite sua presença em espaços tombados. Já no restante do espaço público ainda se dá prioridade para as espécies nativas.