A Confederação Israelita do Brasil (Conib) apresentou uma notícia-crime ao Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) contra José Genoino, ex-deputado e ex-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), por falas consideradas antissemitas.
O requerimento, apresentado ao MPF-SP na segunda-feira (22), pede que Genoino seja investigado por racismo e incitação ao crime. O objetivo é que o órgão remeta a investigação à Polícia Federal (PF).
A Conib solicitou, ainda, medidas cautelares para que a live seja retirada do ar, e que Genoino seja impedido de voltar a fazer comentários com o mesmo teor, por “ser uma forma de incitação ao ódio contra os judeus”.
À CNN, o MPF-SP confirmou o recebimento da representação, que será distribuída a um procurador da República. Ele fará a análise preliminar dos fatos e definirá os próximos passos.
“Por enquanto, não há investigação formal instaurada sobre o assunto. A abertura ou não de procedimento depende da análise preliminar que será feita”, afirmou o MPF-SP.
Em uma live realizada no último sábado (20) nas redes sociais, Genoino sugeriu boicote contra “empresas de judeus” após empresários da comunidade judaica divulgarem um abaixo-assinado contra o apoio do Brasil à investigação de Israel por genocídio.
“Essa ideia da rejeição, essa ideia do boicote por motivos políticos, que fere o interesse econômico, é uma forma interessante. Inclusive ter esse boicote a determinadas empresas de judeus”, disse Genoino na transmissão.
Ele ainda afirmou que o país deveria deixar de fazer negócios com o governo israelense. “Há, por exemplo, boicote a empresas vinculadas ao estado de Israel. Inclusive eu acho que o Brasil deveria cortar as relações comerciais na área da segurança e na área militar com o estado de Israel”, afirmou durante live.
Após os comentários, a Conib repudiou as declarações. A confederação classificou a fala como antissemita e destacou que o antissemitismo é crime no Brasil.
“O boicote a judeus foi uma das primeiras medidas adotadas pelo regime nazista contra a comunidade judaica alemã, que culminou no Holocausto”, diz a nota.
A Conib fez um apelo ainda às lideranças políticas brasileiras pedindo moderação e equilibro em relação ao conflito no Oriente Médio. E destacou que “falas extremadas e em desacordo com a tradição da política externa brasileira” podem importar as tensões daquela região ao nosso país.
Em nota, José Genoino disse não ser antissemita e afirmou que o boicote a que se referiu na transmissão ao vivo diz respeito “às empresas que apoiam o governo de Israel na guerra contra o povo palestino”.
“Apresento meu repúdio à nota da Conib (Confederação Israelita do Brasil) e afirmo que não sou e nunca fui antissemita. Repudio, também, qualquer tipo de preconceito contra o povo judeu e defendo a existência de dois Estados”, disse Genoino.
“Temos a obrigação de denunciar, em todas as oportunidades, o genocídio do governo de Israel contra o povo palestino. Tenho defendido, incansavelmente, o cessar-fogo, a paz entre os povos e a solidariedade ao povo palestino. Em relação ao termo ‘boicote’, usado por mim, reafirmo que defendo o boicote às empresas que apoiam o governo de Israel na guerra contra o povo palestino”, concluiu o ex-parlamentar.
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