Os aumentos na temperatura global motivaram convenções internacionais a tomarem medidas para frear as mudanças climáticas. Ações como uso de energia renovável e créditos de carbono são alguns dos compromissos firmados globalmente. O sequestro de carbono é outro, que pode ajudar a reter carbono na terra e impedir que ele agrave o aquecimento global.
O que é o sequestro de carbono e como ele é feito
O termo sequestro de carbono foi cunhado em 1997, na Conferência de Quito. O objeto é retirar o gás carbônico da atmosfera e armazená-lo na terra, o que pode ser feito de forma natural ou artificial. Isso impede que o CO₂ vá para a atmosfera e contribua no efeito estufa.
O professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do CCARBON (Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical), Carlos Eduardo Cerri, explicou ao Jornal da USP, como essa técnica pode ser empregada:
- Uma das formas de aplicar o sequestro de carbono é de forma artificial, com bombas que filtram o carbono direto nas chaminés, quando elas estão prestes a ser lançadas na atmosfera;
- Então, o gás é bombeado e armazenado em cavidades rochosas por séculos. No entanto, Cerri destaca que essa prática é cara, custando cerca de US$ 200 por tonelada, e por isso não é utilizada;
- Outra forma de fazer isso é gratuita, usando plantas. Durante a fotossíntese, as próprias plantas retiram o carbono da atmosfera e a transformam em outros compostos. Enquanto ela viver, estará auxiliando no sequestro de carbono. Essa é a forma mais comum da técnica;
- O terceiro método ocorre nos solos: depois que a planta captura o CO₂, as raízes no subsolo sofrem a decomposição. O carbono fica preso no solo e melhora suas propriedades químicas, podendo ficar por lá durante milênios.
Brasil no cenário internacional
Cerri destaca que o Brasil não é só um dos líderes mundiais no sequestro de carbono nas áreas da agricultura, pecuária e florestas, como também tem grande potencial no setor.
No entanto, alguns entraves jurídicos, econômicos e culturais dificultam explorar o potencial da técnica. O professor compara a realidade brasileira à de outras nações com territórios menores, como Japão e Holanda, que usam a técnica devido à falta de espaço para adotar outras práticas.
Do lado contrário, ele cita a China, que, mesmo com um território maior que o Brasil, não se compromete com iniciativas de sequestro de carbono para minimizar o aquecimento global devido a questões mercadológicas.
Como o sequestro de carbono pode ajudar
O sequestro de carbono minimiza a quantidade de gás carbônico que vai à atmosfera.
Porém, caso a técnica (ou outras iniciativas para frear a produção de CO₂) não seja adotada, o meio urbano será o maior afetado.
O aquecimento global vai ficando cada vez mais intenso, as pessoas ficam cada vez mais desconfortáveis, mais eventos climáticos são alterados e têm eventos extremos.
Carlos Eduardo Cerri