domingo, novembro 24, 2024
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Como foi possível um ataque com pagers-bombas no Líbano?

O ataque realizado nesta terça-feira, 17, no Líbano contra milhares de membros do grupo terrorista xiita Hezbollah, através de pagers explosivos, é considerado sem precedentes pelos analistas.

Uma pessoa é carregada em uma maca do lado de fora do Centro Médico da Universidade Americana de Beirute (AUBMC) enquanto pessoas, incluindo combatentes e médicos do Hezbollah, foram feridas e mortas quando os pagers que eles usam para se comunicar explodiram em todo o Líbano , de acordo com uma fonte de segurança, em Beirute, Líbano, em 17 de setembro de 2024. REUTERS/Mohamed Azakir TPX IMAGENS DO DIA
Uma pessoa é carregada em uma maca do lado de fora do Centro Médico da Universidade Americana de Beirute (AUBMC) enquanto pessoas, incluindo combatentes e médicos do Hezbollah, foram feridas e mortas quando os pagers que eles usam para se comunicar explodiram em todo o Líbano , de acordo com uma fonte de segurança, em Beirute, Líbano, em 17 de setembro de 2024. REUTERS/Mohamed Azakir TPX IMAGENS DO DIA

A pergunta que todos estão se ponto é: como foi possível explodir milhares de pequenos aparelhos eletrônicos ao mesmo tempo?

O ataque foi ousado, mas não parece ser tão sofisticado do ponto de vista tecnológico.

Até o momento cerca de 2,7 mil pessoas ficaram feridas e 11 morreram em todo o território libanês.

O principal suspeito do ataque é o serviço de inteligência de Israel, o Mossad, que no passado já realizou operações parecidas. Mas até o momento não há comentários vindo do governo israelense.

Um oficial do Hezbollah levantou a hipótese de que um malware, um programa informático malicioso, possa ter causado a explosão.

Ele relatou que algumas pessoas sentiram os pagers esquentando e se livraram deles antes que explodissem.

Por que usar ainda pagers?

Os militantes do Hezbollah continuam a usar pagers, considerados como ferramentas de comunicação superadas, porque são mais difíceis de serem interceptadas pelos serviços secretos.

Permanece o mistério sobre como foi possível inserir o malware nesses pagers, considerando também a natureza quase simultânea das explosões.

Israel poderia ter conseguido colocar as mãos em todos os pagers, interceptando o fornecimento dos aparelhos para o Hezbollah, aberto os eletrônicos e manipulado os circuitos para que pudessem controlar remotamente a explosão com um comando unificado.

O explosivo provavelmente foi colocado perto da bateria, para fazê-la explodir numa reação em cadeia.

Em outra hipótese, os agentes do Mossad instalaram um trojan, outro vírus informático, nestes dispositivos.

O trojan abre uma porta oculta em um sistema, que pode ser usada por técnicos que o instalaram.

O mecanismo é semelhante ao do malware ransomware comum, usado por criminosos cibernéticos para criptografar o conteúdo dos discos rígidos e depois exigir um resgate das empresas afetadas para desbloquear os dados.

Comando de radiofrequência

Uma outra hipótese envolve o uso de frequências de rádio especiais.

Os agentes do Mossad poderiam ter manipulado os circuitos e antenas dos pagers para fazê-los reagir a frequências rádio específicas. Em seguida, teriam disparado os sinais em um amplo alcance para atingir todos os pagers envolvidos.

Nesta hipótese os pagers foram instruídos a ativar o explosivo.

Superaquecimento da bateria

A última hipótese não inclui o uso de explosivos. Nesse caso, o Mossad poderia ter superaquecido os pagers, com controles remotos, fazendo a bateria explodir.

O comando pode chegar explorando vulnerabilidades de computador ligados a esses pagers ou, novamente, trojans instalados para esse fim específico.

Esta terceira hipótese é menos convincente, pois segundos analistas o resultado não é garantido, como acontece com o uso de explosivo.

Dificuldades técnicas de instalar vírus em pagers

Instalar um vírus ou um trojan em um pager também não é o mesmo que fazê-lo em um computador ou smartphone.

E-mails contendo o vírus não podem ser usadas, pois não são abertas pelos aparelhos.

Mesmo nesta hipótese, em suma, é provável que agentes do Mossad tenham colocado pessoalmente as mãos nos pagers para instalar o Trojan ou manipular os circuitos e antenas.

Todavia, se conseguissem interceptar uma carga sem serem descobertos poderiam muito bem adicionar o explosivo e ter certeza de conseguir detonar os aparelhos, vitimando seus usuários.

Os precedentes de Israel

Israel é conhecido há anos pelas suas capacidades de segurança cibernética, também em virtude da sua colaboração com agentes dos serviços de inteligência dos EUA.

O país já utilizou dispositivos de comunicação no passado para realizar assassinatos seletivos de terroristas ou líderes de grupos como Hamas e Hezbollah.

Depois de ser atingido por uma série de atentados suicidas na década de 1990, Israel matou o especialista em bombas do Hamas, Yahya Ayyash, colocando um explosivo em um telefone que foi detonado perto de seu ouvido.

Outro caso famoso foi o do vírus Stuxnet, resultado de uma comprovada colaboração entre Israel e os Estados Unidos.

Usado em 2010 para atingir instalações nucleares iranianas, o Stuxnet teve como alvo controladores lógicos programáveis ​​(PLCs) usados ​​para automatizar processos de enriquecimento do urânio.

O vírus era tão sofisticado que desde então sofreu “mutações” e se espalhou para outras instalações industriais e de produção de energia do Irã.

O Stuxnet supostamente destruiu numerosas centrífugas na usina de enriquecimento de urânio localizadas na cidade de Natanz, atrasando dessa forma o programa de armas nucleares iraniano.

Ao longo do tempo, outros especialistas informáticos de Israel modificaram o vírus para atingir instalações como estações de tratamento de água, centrais eléctricas e linhas de gás do Irã.

Via Revista Oeste

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