terça-feira, novembro 26, 2024
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Como é o multiverso proposto pela Teoria das Cordas?

Atualmente, utilizamos teorias distintas para descrever fenômenos em diferentes escalas: a relatividade geral para o macrocosmo, como estrelas e galáxias, e a mecânica quântica para o microcosmo, como partículas subatômicas. Entretanto, essas duas teorias não se encaixam plenamente.

Se o objetivo da ciência é a busca por explicar e dar sentido ao universo de maneira completa, nada mais natural do que todo o conhecimento do mundo convergir para uma única teoria universal. Algo como uma “teoria de tudo” que consiga unificar todas as leis fundamentais da natureza em um único arcabouço.

Uma “teoria de tudo” seria capaz de integrá-las, permitindo-nos compreender as forças que regem desde o menor átomo até a maior galáxia. Essa unificação traria uma visão coesa do universo, eliminando as lacunas e inconsistências atuais, além de responder às questões mais fundamentais sobre a natureza da realidade. A teoria das cordas é, talvez, a candidata mais famosa para o que os físicos chamam de teoria de tudo – uma estrutura matemática única capaz de descrever todo o universo conhecido.

Impressão artística da corrente bosônica Kitaev: vários ressonadores mecânicos de cordas são ligados para formar uma corrente usando luz. Vibrações mecânicas (ondas sonoras) são transportadas e amplificadas ao longo da cadeia. (Crédito: Ella Maru Studio)

No filme Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022), o multiverso é apresentado como uma série de realidades paralelas, cada uma com suas próprias leis físicas e versões dos mesmos personagens. Na cultura popular, o multiverso é usado para criar histórias com mundos alternativos que coexistem e, por vezes, se cruzam.

Na busca pela tal “Teoria de tudo”, a teoria das cordas reimagina do que a realidade é feita. Em vez de tratar partículas subatômicas como os blocos fundamentais da matéria, a teoria das cordas diz que tudo é composto por minúsculas cordas, cujas vibrações produzem efeitos que interpretamos como átomos, elétrons e quarks.

Para que isso funcione, a teoria das cordas precisa fazer uma suposição radical: vivemos em um universo com 9, 10 ou até 25 dimensões espaciais, além da dimensão do tempo. Essas dimensões extras estão “enroladas” tão fortemente que não as percebemos – assim como um fio de seda parece unidimensional até você se aproximar o suficiente para ver sua largura. Esse processo de “compactificação” pode ser feito de inúmeras formas, gerando bilhões de diferentes universos possíveis. Isso levou a teoria das cordas a prever um multiverso com 10^500 universos diferentes.

Para muitos, essa multiplicidade é o principal problema da teoria. Se uma teoria faz tantas previsões contraditórias, quase qualquer observação pode ser usada para confirmá-la, tornando-a difícil de ser refutada e, portanto, invalidando-a como um campo de pesquisa. Embora algumas tentativas de dar poder preditivo à teoria das cordas estejam em andamento, muitos físicos estão explorando outras alternativas, como a gravidade quântica em loop e a triangulação causal dinâmica. Por enquanto, a verdadeira “teoria de tudo” permanece fora de alcance.

Teoria das Cordas: quais as consequências de um multiverso para nossa noção de realidade?

Imagem mostra várias partículas em forma de esferas conectadas através de barbantes.
Imagem: Christine Daniloff e Jose-Luis Olivares/MIT

A “evidência” para o multiverso é teórica, não experimental, o que significa que não podemos nem provar, nem refutar sua existência.

Se a Teoria das Cordas estiver correta e sugerir a existência de um multiverso, isso teria implicações profundas para nossa noção de realidade. Afinal, nosso universo seria apenas um entre muitos, cada um com suas próprias leis físicas e condições iniciais. Essa visão desafiaria a ideia de que a realidade que conhecemos é única e absoluta, implicando que múltiplas versões do universo poderiam existir simultaneamente, cada uma evoluindo de forma independente.

Para nossa compreensão do cosmos, isso significa que os conceitos de espaço e tempo poderiam ser muito mais complexos do que imaginamos, e que a diversidade de realidades poderia reconfigurar nossa percepção de possibilidades e de nossa própria existência. Esse cenário transformaria nossa visão do universo de um sistema único e fechado para um vasto conjunto de realidades interconectadas.

Via Olhar Digital

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