sexta-feira, novembro 22, 2024
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Cometa antes “condenado” ainda pode brilhar no céu de outubro

No início de 2023, dois programas de observação astronômica – Tsuchinshan e ATLAS – descobriram de forma independente o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS). Este objeto vinha prometendo ser um espetáculo visível a olho nu no céu nos últimos meses de 2024, sendo possivelmente o cometa mais brilhante desde 2007.

Com sua passagem mais próxima da Terra prevista para 12 de outubro, a cerca de 70,6 milhões de km, foi estimado por alguns que o objeto seria mais brilhante até mesmo do que Júpiter e que talvez pudesse ser visível durante o entardecer.

Cometa C/2023 A3 registrado em 26 de junho de 2024. Crédito: José J. Chambó via Spaceweather.com

No entanto, em julho, o astrônomo tcheco-americano Zdenek Sekanina publicou uma análise sugerindo que o cometa poderia não resistir à sua jornada, fragmentando-se antes de sua aproximação máxima. Sekanina observou sinais de desintegração à medida que o cometa se aproximava do Sol, levantando dúvidas sobre sua sobrevivência. Ainda assim, quase dois meses após essa previsão, o cometa Tsuchinshan-ATLAS continua a mostrar sinais de estabilidade, sem indícios claros de desintegração.

Atualmente, o objeto pode ser observado no Hemisfério Sul, embora de forma bastante discreta. Em Sydney, Austrália, por exemplo, ele aparece apenas cinco graus acima do horizonte sudoeste, meia hora após o pôr do Sol, em um céu ainda iluminado. Essas condições tornam a medição precisa de seu brilho bastante desafiadora. 

Em 12 de agosto, o astrônomo Thomas Lehmann, observando do Chile, estimou a magnitude do cometa em +8,2, indicando um brilho relativamente modesto.

Jonathan Shanklin, da Seção de Cometas da Associação Astronômica Britânica (BAA), destacou ao site Space.com que há variações significativas nas observações de diferentes astrônomos, o que pode influenciar as estimativas de brilho. Ele explicou que alguns observadores consistentemente superestimam ou subestimam o brilho dos cometas, criando uma margem de erro considerável nas medições.

Órbita do Cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) no momento de sua máxima aproximação com a Terra – Imagem: Reprodução ssd.jpl.nasa.gov

Para obter uma visão mais precisa, alguns astrônomos têm utilizado a espaçonave STEREO-A (Observatório das Relações Solares Terrestres), que monitora o Sol e fenômenos solares desde 2006. 

Em 17 de agosto de 2023, o cometa foi capturado nas imagens de campo amplo desse equipamento. O astrônomo amador Toni Scarmato, ao analisar essas imagens, estimou que a magnitude do cometa era de +7,2, um brilho consideravelmente maior do que as observações terrestres haviam sugerido.

À medida que o cometa se aproxima do Sol, seu brilho continua a aumentar, sem sinais aparentes de desintegração iminente. “No dia 27 de setembro, o cometa  Tsuchinshan-ATLAS deve atingir seu ponto mais próximo do Sol e, de acordo com os cálculos, já deverá estar tão luminoso quanto Sirius, a estrela mais brilhante do céu noturno”, disse  Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital.

Segundo Zurita, durante todo o mês de outubro e até o início de novembro, o objeto deve desfilar visível a olho nu no céu, mas em meados de outubro o espetáculo deve ter seu ápice. “Dependendo do tamanho e da composição da cauda que o cometa tiver desenvolvido nos últimos meses, ele pode brilhar tão intensamente quanto o planeta Vênus, proporcionando momentos de glória para astrônomos e astrofotógrafos de todo o mundo”. 

Via Olhar Digital

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