sábado, novembro 23, 2024
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Comandante do Exército defende parceria com a China sem envolver ‘polarização ideológica’

O comandante do Exército Brasileiro, Tomás Paiva, afirmou que o intercâmbio comercial com a China é intenso e que o Brasil deve se manter “pragmático”, sem envolver questões ideológicas. Também defendeu que o Brasil deve ampliar suas parcerias estratégicas com o país asiático e demais integrantes do Brics —Rússia, Índia, África do Sul e, recentemente, Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes, Etiópia e Egito.

“Temos um intercâmbio comercial muito intenso com a China e não acredito que possamos nos levar por uma polarização ideológica”, disse o comandante do Exército em entrevista ao jornal Estadão. “Se eu quiser falar de equipamentos de energia sustentável, renovável, para operações militares, é só você ver o que está acontecendo com a indústria de veículos movidos a bateria, elétricos.”

Afirmou que “essa questão” interessa ao Brasil em decorrência da “sustentabilidade”. “Você falar de questão de defesa cibernética, você falar de mísseis, eles são avançados na parte de missilística, têm dois conceitos que são muito interessantes, que são muito modernos hoje, que é antiacesso e negação diária”, acrescentou.

O comandante do Exército defendeu que a aproximação das relações e busca por essa tecnologia mais sustentável “é uma maneira de você exercer a tua tarefa de proteger a nossa soberania com mais tecnologia e, às vezes, com um pouco menos de efetivo. Isso é importante.”

tomás paiva e lula
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o comandante do Exército Brasileiro, general Tomás Paiva | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Comandante do Exército viaja à China

O comandante do Exército viaja à China e destacou que pretende visitar todos os países dos Brics, com exceção da Rússia em decorrência do conflito com a Ucrânia. Afirmou que sua visita ao país asiático seria um esforço maior para fortalecer parcerias estratégicas e ampliar a cooperação em áreas de interesse comum.

“Eles são um polo de pesquisa de ciência e tecnologia”, falou Tomás Paiva. “E também na parte de indústria de defesa, interessante, porque eles estão avançados nessa área. Esses são os principais temas que são comuns e que interessam os dois países.”

Paiva sinalizou já ter ido aos Estados Unidos e à Índia. Nesse sentido, falou da necessidade de também ir à China, assim como à África do Sul. Disse “evitar” ir à Rússia, mas defendeu que se trata de um país membro do Brics.

“Então, eu acho que, agora, é comum vários integrantes do Alto Comando, em diferentes épocas recentes, visitaram a China. É um país que está no foco dos nossos interesses”, declarou. “O contexto da viagem à China é um contexto que é planejado no começo do ano com o Estado-Maior do Exército”, justificou.

Parcerias estratégicas e cooperação militar

Segundo Tomás Paiva, a relação de cooperação com a China já é forte, especialmente no intercâmbio de cursos militares. “A gente já tinha militares que a gente mandava para lá, ainda tem até hoje”, afirmou.

A colaboração acadêmica e na área de defesa também seriam pontos de interesse mútuo entre os países. “Eles são um polo de pesquisa de ciência e tecnologia”, disse Paiva, destacando a indústria de defesa avançada da China.

Paiva também já visitou França e Polônia, focando na cooperação militar, e pretende visitar todos os países integrantes do Brics.

Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos

O comandante do Exército, Tomás Paiva, também participou das comemorações do Dia da Artilharia no 11º Grupo de Artilharia Aérea. Defendeu a reinstalação da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos do regime militar.

Quase trinta anos depois de a assinatura da Lei 9.140 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Paiva acredita que a reativação da Comissão é essencial. “Já está definido isso”, disse. “Isso aí em algum momento vai ser reativada, tendo em vista o fato de que as pessoas perderam gente.”

“Eles teriam o direito de saber o paradeiro. Enquanto a pessoa estiver desaparecida, eu acho que é humanitário a gente ter a possibilidade de saber o que aconteceu. Isso tem que ser entendido como uma questão humanitária. Eu só fico preocupado de, com o tempo, as expectativas serem frustradas”, argumentou.

A lei, que previa o reconhecimento da responsabilidade do Estado por violações de direitos humanos durante a ditadura, foi suspensa pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Via Revista Oeste

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