O general Tomás Paiva, comandante do Exército, e o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), almoçam nesta terça-feira (23) no Quartel-General, em Brasília.
Eles vão discutir um acordo de cooperação técnica entre o Exército e o STF que será assinado nesta tarde. O convite partiu do militar.
Essa é a primeira visita de Barroso ao Quartel-General do Exército como presidente do STF.
O encontro faz parte de uma agenda institucional montada pelo general desde que assumiu o posto com a missão de despolitizar a Força e superar rusgas criadas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
No STF, o convite do comandante foi visto como uma sinalização de que o objetivo é, de fato, deixar o passado para trás.
O ex-presidente buscou, ao longo dos quatro anos em que esteve na Presidência, politizar as Forças Armadas, em especial o Exército Brasileiro — o que causou incômodo em parte da caserna.
No período, Bolsonaro escolheu militares para atuarem em postos-chave de seu governo e questionou a transparência do processo eleitoral por meio da atuação de integrantes das Forças Armadas junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Passada a derrota na eleição de 2022, de acordo com seu antigo ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, Bolsonaro se reuniu com a cúpula do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para discutir detalhes de um plano de golpe para não deixar o poder.
A missão do general Tomás Paiva no Exército está em linha com a de Barroso à frente do STF. O ministro tem pregado harmonia e diálogo entre os Poderes.
No discurso de posse, Barroso fez um aceno às Forças Armadas, elogiando sua atuação contra o que chamou de “golpismo”.
“Em todo o mundo, a democracia constitucional viveu momentos de sobressalto, com ataques às instituições e perda de credibilidade. Por aqui, as instituições venceram, tendo ao seu lado a presença indispensável da sociedade civil, da Imprensa e do Congresso Nacional. E, justiça seja feita, na hora decisiva, as Forças Armadas não sucumbiram ao golpismo”, disse.
Em meio aos ataques e questionamentos de Bolsonaro a respeito do sistema eletrônico de votação, Barroso — que à época presidia o TSE — convidou as Forças Armadas para atuarem como entidades fiscalizadoras do processo eleitoral.
A decisão do ministro foi vista tempos depois como um equívoco por seus pares. Em setembro, o TSE, por unanimidade, excluiu as Forças Armadas das entidades aptas a fiscalizar a auditar as eleições.
O Exército e o STF assinam na tarde desta terça-feira (23) um acordo de cooperação técnica para o desenvolvimento de projetos relacionados à implementação de planos de sustentabilidade ambiental. O almoço de Tomás Paiva e Barroso deverá discutir detalhes da parceria.
Segundo a CNN apurou, o Exército deverá oferecer entre outros, consultoria de elaboração de projetos de arquitetura e engenharia e também sobre o uso de um sistema unificados pata gestão de obras, além de apoio para pareceres e vistorias técnicas.
Já o STF deverá compartilhar suas experiências sobre projetos engenharia e meio ambiente e oferecer ao Exército capacitação sobre legislação ambiental e sustentabilidade.
O acordo de cooperação técnica não implica a transferência de recursos entre as duas instituições.
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