O Palácio do Planalto orientou ministros a não comentarem publicamente as críticas feitas ao Enem pela bancada do agronegócio. O diagnóstico é que qualquer movimento poderia escalar a crise com o setor.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pediu a anulação de questões do Enem por entender que elas tinham “cunho ideológico”. A bancada também quer a convocação do ministro da Educação, Camilo Santana, para dar explicações sobre ao Congresso sobre o ocorrido.
A reação acendeu o alerta no Planalto pelo risco de o episódio respingar na votação de projetos do governo. Diante disso, a ordem foi limitar qualquer resposta a notas e jogar a para o Inep, órgão encarregado de formular o Enem, a responsabilidade por rebater as críticas.
O diagnóstico feito pelo Planalto foi o de que os ministros da Educação e da Agricultura, Carlos Fávaro, deveriam ficar apartados do debate. A tendência era que eles acabassem dando mais munição aos ataques dos ruralistas, avaliou a Secretaria de Comunicação.
Isso porque, segundo apurou a CNN, Camilo e Fávaro têm visões divergentes sobre o episódio. O ministro da Educação rechaça a possibilidade de qualquer ingerência ideológica no exame. Já Fávaro advoga nos bastidores por concentrar nele as conversas sobre o tema e defende que haja gestos mais efetivos à bancada do agro.
Nos bastidores, aliados de Fávaro alertam para a necessidade de recompor com a bancada e reconhecem que a relação é distante e tem sido marcada por mal-estar entre as partes.
Sob reserva, fontes criticaram a participação de Fávaro na CPI do MST, marcada pelo embate entre o ministro e o então relator, Ricardo Salles (PL-SP), ao discutir a ocupação de terras pelo movimento.
A avaliação é de que cabe ao ministro a iniciativa de abrir diálogo com parlamentares ligados agro e evitar que o mau-humor respingue em pautas essenciais ao governo. A Frente Parlamentar é composta por 300 deputados e 44 senadores.
Para conselheiros do ministro, as reações da bancada contra o governo podem ser resolvidas com atendimento de pautas relevantes ao setor. Recentemente, o presidente da Frente reclamou, por exemplo, da demora na suplementação orçamentária para o seguro rural deste ano.
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