segunda-feira, novembro 25, 2024
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Com enchente baixando, empresários tentam salvar negócios no Rio Grande do Sul

Empresários gaúchos começam a limpar e reparar os danos causados pela enchente que atingiu o Rio Grande do Sul no início de maio. Pedro Albeche, de 30 anos, dono de uma hamburgueria no Mercado Público de Porto Alegre (RS), estimou um prejuízo de pelo menos R$ 300 mil.

Na quinta-feira 30, quase um mês depois do desastre, Albeche e outros empresários voltaram ao prédio histórico para remover a sujeira e descartar itens danificados. “É uma corrida contra o relógio agora”, afirmou Albeche, em entrevista ao jornal Valor Econômico. O empresário tem um filho de três meses.

Os tragos causados pela enchente

Empresários que conseguiram preservar parte de seus negócios buscam retomar as operações para mitigar os prejuízos causados pela enchente. Eles pedem a rápida implantação de medidas de auxílio prometidas pelo governo, como linhas de crédito com juros baixos.

“Precisamos começar a reconstrução agora, e não em um mês”, pediu Albeche. João Danilo Grechi, de 66 anos, também sofreu grandes perdas. Ele estima um prejuízo de quase R$ 1 milhão em suas duas lojas de roupas e itens de bazar no centro de Porto Alegre.

Os desafios no Rio Grande do Sul

Na quinta-feira, ainda era possível ver marcas de lama nas áreas internas e externas de uma das lojas de Grechi, em razão da enchente. Para contornar a falta de energia e limpar o local, ele comprou um gerador e organizou uma força-tarefa. “Cada um se vira como pode”, disse Grechi. “Até 15 ou 20 de junho, a gente tem de estar funcionando.”

Grechi não encontrou condições de crédito atrativas até o momento. “Um banco até ligou oferecendo, mas uma loja que vende produtos de no máximo R$ 20 não tem como pagar aquele juro”, observou.

Anúncio de medidas governamentais

Na quarta-feira 29, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou R$ 15 bilhões em três linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para a reconstrução do Rio Grande do Sul. Ele destacou a necessidade de evitar empecilhos burocráticos no auxílio.

“Temos consciência de que muitas vezes o governo anunciou medidas, foi cheio de boa vontade, depois passa um tempo, medidas não acontecem, dinheiro não chega, obras não acontecem”, disse Lula. “Nossa preocupação é fazer com que não haja empecilho burocrático que atrapalhe decisões do governo de acontecer na ponta.”

Necessidade de ações rápidas para diminuir efeitos da enchente

Ely José de Mattos, economista e professor da PUC-RS, enfatiza a urgência das ações de socorro. “A União é grande, mas não é infinita”, explicou Mattos. “Não tem como chegar aqui e dizer ‘toma aqui R$ 2 trilhões’.”

Ao longo dos últimos dias, mutirões de limpeza foram realizados em Porto Alegre, onde o nível da enchente recuou. No centro, ainda havia lama e trechos de alagamentos na quinta-feira.

Impacto no Mercado Público

No Mercado Público, equipes limpavam o barro e descartavam produtos perdidos. O local, inaugurado em 1869, conta com cerca de 120 bancas e gera entre 1,4 mil e 1,5 mil empregos diretos e indiretos, segundo André Barbosa, secretário municipal de Administração e Patrimônio.

Barbosa estima que o faturamento diário do mercado é de R$ 500 mil a R$ 600 mil. Com o fechamento, o prejuízo já chega a R$ 15 milhões. A prefeitura considera medidas como isenções para apoiar os comerciantes.

No Rio Grande do Sul, o nível do Guaíba continua a baixar e se aproxima da cota de inundação, fato que traz esperança de recuperação para a região.

Via Revista Oeste

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