sábado, novembro 23, 2024
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Colunista do Financial Times explica por que é difícil acreditar em coincidências

A semana passada terminou com trágicos eventos. O primeiro deles, por exemplo, foi a morte do CEO da empresa de software Autonomy, Mike Lynch. Ele morreu durante o naufrágio de um iate em Palermo, na Itália. Mais seis pessoas morreram, incluindo a filha do bilionário, de 18 anos, encontrada na sexta-feira 23. Outro caso foi o de um ex-colega do magnata, Stephen Chamberlain, que morreu depois de ser atropelado por um carro. Não demorou muito para que teorias da conspiração começassem a surgir.

O assunto rendeu um artigo no jornal Financial Times. Nele, a colunista Jemima Kelly questiona por que é difícil de entender as circunstâncias aparentemente aleatórias e sem relação das mortes de Lynch e Chamberlain.  

“Mas por que é tão difícil para nós entender a ideia de que algumas coisas são realmente apenas coincidências?”, pergunta Jemima.

Foto de homem calvo, de camisa branca e paletó preto com fundo preto
Mike Lynch, morto no naufrágio de um iate de luxo, na Itália | Foto: Divulgação/Redes sociais

Coincidências inevitáveis

Para a colunista, a surpresa diante de coincidências é compreensível, até razoável. Afinal, cada coincidência é, por sua própria natureza, altamente improvável. “Mas que algumas delas ocorram não é apenas altamente provável, é inevitável”, acrescenta.

Em seu artigo, a colunista cita ainda o professor emérito de estatística da Universidade Cambridge David Spiegelhalter, cuja definição para coincidência é pertinente nesse caso. “Tudo que acontece é incrivelmente improvável, e a coisa mais improvável de todas é nascer”, afirma o acadêmico.  

Como sabemos pela definição de Diaconis e Mosteller, no entanto, o que faz uma coincidência é algo que é “significativamente relacionado”. Então, enquanto nossa própria existência pode ser muito mais improvável do que as mortes próximas de Lynch e Chamberlain, não nos consideramos coincidências ambulantes.

Em outro trecho do artigo, Jemima diz gostar da definição de coincidência dada pelos matemáticos Persi Diaconis e Frederick Mosteller no artigo “Methods for Studying”. Eles definem coincidência como “uma ocorrência surpreendente de eventos, percebida como significativamente relacionada, sem conexão causal aparente”.

“Pela definição de Diaconis e Mosteller, no entanto, o que faz uma coincidência é algo que é significativamente relacionado”, observa a colunista do Financial Times . “Enquanto nossa própria existência pode ser muito mais improvável do que as mortes próximas de Lynch e Chamberlain, não nos consideramos coincidências ambulantes.”

Perguntas sobre circunstâncias

Equipes de buscas ao veleiro de luxo. Embarcação naufragou na costa de Palermo, Itália, ao ser atingido por um tornado, em 19 de agosto | Foto: Divulgação/Redes sociais

Diante de um conjunto de circunstâncias altamente improváveis e relacionadas de alguma forma significativa, a tendência é procurar uma causa, segundo Jemima.

Ela lembra um caso da Bulgária, em 2009, quando os mesmos números foram sorteados na loterina nacional — duas semanas seguidas. As autoridades ordenaram uma investigação, sob suspeita de manipulação, mas não encontraram nada.

“Coincidências fazem e devem nos levar a fazer perguntas sobre as circunstâncias que as produziram”, diz a colunista do Financial Times. “Às vezes, porém, tudo o que encontraremos é que a verdade pode ser mais estranha que a ficção.”

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Via Revista Oeste

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