Quatros procedimentos contra o desembargador Marcelo Malucelli, ex-relator da Operação Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), entraram na pauta do plenário virtual do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Três reclamações disciplinares e um pedido de providência devem ser apreciados pelo órgão de 24 a 28 junho.
Dependendo do entendimento do CNJ, Malucelli pode ser alvo de processos administrativos. Em abril do ano passado, em operação da 8ª turma da Corte, da qual ele é presidente, o magistrado proferiu uma decisão controversa. O CNJ deve avaliar se ele agiu para restabelecer uma ordem de prisão contra o advogado Rodrigo Tacla Duran, acusado de ser operador financeiro da Odebrecht.
Apesar da acusação do Ministério Público Federal nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal ordenou que o tema ficasse restrito ao tribunal superior. Malucelli nega ter dado a ordem. As reclamações feitas ao CNJ partiram dos senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Rogério Carvalho (PT-SE) e também de Tacla Duran, que acusa a operação de extorsão.
Além de a decisão sobre a ordem ter partido ou não da caneta de Malucelli, o CNJ vai analisar se a conduta do magistrado teve relação a um elo dele com Sergio Moro. O filho do desembargador, advogado João Malucelli, é namorado da filha mais velha de Moro, Júlia. Para mais, João é sócio do sogro em um escritório de advocacia.
Em junho do ano passado, Malucelli afirmou desconhecer a sociedade do filho com Moro e estar surpreso, antes, quando tomou conhecimento do fato. Na sequência, ele se declarou suspeito para analisar os recursos de investigados na segunda instância.
De acordo com Malucelli, a sua saída estava relacionada a uma ameaça feita pelo juiz Eduardo Appio, então titular da 13ª Vara Federal Criminal, ao filho. Em primeira instância, os processos da operação tramitam nessa vara. O desembargador afirmou isso em depoimento à Corregedoria Nacional de Justiça, e o juiz foi afastado.