Pesquisadores da Austrália estão alterando os genomas de espécies em uma tentativa de evitar a extinção de alguns dos animais mais ameaçados no país. Para isso, os cientistas estão usando uma variedade de técnicas, incluindo cruzamento e edição de genes. Segundo eles, apenas mudando o DNA será possível evitar a extinção.
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Modificando o DNA dos animais
Uma das “cobaias” deste experimento é o Lichenostomus melanops cassidix. Atualmente, existem apenas algumas dezenas de exemplares do pássaro vivendo na Reserva de Conservação da Natureza de Yellingbo, na Austrália.
Esforços de conservação local, incluindo um programa de reprodução em cativeiro no Santuário de Healesville, evitaram a extinção do animal. Mas a pouca diversidade genética entre as aves restantes, um problema comum em populações de animais ameaçados, impedia a recuperação total da espécie. O cenário era ainda mais crítico pelo fato das aves restantes se reproduzirem pouco.
Foi neste cenário que pesquisadores decidiram realizar uma intervenção conhecida como resgate genético. O objetivo era adicionar alguns Lichenostomus melanops gippslandicus com um DNA modificado.
Segundo especialistas, o método impede a criação de animais híbridos e a desestabilização de ecossistemas. Mas o resgate genético é considerado uma forma de intervenção humana ativa que viola o que alguns estudiosos se referem como o “ethos de restrição” da conservação.
Havia muita angústia entre as agências governamentais em relação a isso. Foi realmente apenas a ideia de que a população estava prestes a entrar em extinção que, eu acho, deu um empurrão nas agências governamentais.
Andrew Weeks, geneticista ecológico da Universidade de Melbourne
Mais filhotes
- Foi assim que, desde 2017, as aves modificadas fazem parte do programa de reprodução do Lichenostomus melanops cassidix no Santuário de Healesville.
- Em cativeiro, foram verificados benefícios reais, com muitos pares mistos produzindo mais filhotes independentes por ninho do que pares compostos de dois Lichenostomus melanops cassidix.
- No entanto, ainda serão necessários anos de estudo para entender os reais impactos da técnica nos ecossistemas.
- Estes resultados também serão importantes para que o método seja (ou não) adotado por mais pesquisadores no intuito de evitar a extinção de algumas espécies.
- As informações são da Folha de São Paulo.