Pesquisadores do Aquário Okinawa Churaumi, no Japão, desenvolveram um útero artificial capaz de incubar tubarões em fase prematura até que estejam prontos para nascer. O novo sistema conseguiu incubar os embriões por até 355 dias, superando o recorde anterior de 160 dias.
O processo inovador permitiu que alguns embriões da espécie tubarão-lanterna (Etmopterus molleri) crescessem de 3 a 15 centímetros. Assim, eles atingiram o tamanho natural de nascimento.
Um útero na medida para cuidar dos embriões
Tubarões prematuros são vulneráveis ao nascer, pois a água do mar é muito salgada para seus corpos frágeis. Para resolver isso, os cientistas criaram um fluido uterino artificial com salinidade e pressão osmótica semelhantes ao plasma sanguíneo dos tubarões, ajustando gradualmente sua composição para incluir mais água do mar.
Durante o período de incubação estável, os embriões foram mantidos no fluido uterino artificial, cuja salinidade e pressão osmótica foram equivalentes ao plasma sanguíneo de tubarão. Durante o processo de pré-adaptação, os embriões foram mantidos no fluido no qual as concentrações de sódio e ureia foram deslocadas para a água do mar.
Apesar de apenas três dos 33 embriões terem sobrevivido, esses filhotes de tubarão estão saudáveis e já se comportam como tubarões normais. Eles agora vivem no Aquário Okinawa Churaumi e não apresentam diferenças em relação aos seus pares naturais.
Tecnologia promissora (até para humanos)
Taketeru Tomita, principal autor do estudo, explicou que o sistema pode ser aplicado a cerca de metade das espécies de tubarões vivíparos, e destacou o desejo de desenvolver sistemas mais universais. A pesquisa, publicada na revista Frontiers in Fish Science, representa um avanço significativo na conservação de tubarões e pode, no futuro, ajudar a salvar outras espécies, incluindo mamíferos.
Em 2017, outros cientistas já haviam desenvolvido úteros artificiais para cordeiros prematuros. Eles apontaram que essa tecnologia inovadora pode um dia salvar bebês humanos nascidos prematuramente.
Via IFLScience