Um grupo de cientistas está treinando um robô de quatro patas — chamado “Spirit” — para andar na Lua. Para este treinamento, no entanto, nem o robô, nem os cientistas precisam sair dos Estados Unidos.
O local escolhido para soltar Spirit para dar uma volta foi o campo de neve Palmer, no Monte Hood, no Oregon, Estados Unidos. Com cerca de 1,8 km de altura, a montanha coberta de neve recebeu a equipe multidisciplinar formada por cientistas da Universidade do Sul da Califórnia, da Universidade Texas A&M, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, da Universidade Estadual de Oregon, da Universidade Temple, da Universidade da Pensilvânia e da Nasa.
O grupo decidiu testar como Spirit se sairia andando pelo terreno irregular coberto por neve, lama e pedras durante o verão do ano passado. Suas quatro pernas de metal deveriam se acostumar aos desafios da montanha para entender melhor como reagir a terrenos extremos — como a superfície da Lua ou de outros planetas.
Os dados coletados enquanto o robô atravessava a neve ou caia após encontrar um obstáculo serão usados para melhorar seu desempenho.
Assista ao robô Spirit sendo treinado para andar na Lua:
“Um robô com pernas precisa ser capaz de detectar o que está acontecendo quando interage com o solo e ajustar rapidamente suas estratégias de locomoção de acordo”, disse Feifei Qian, professor assistente de engenharia elétrica e de computação na Universidade do Sul da Califórnia, que lidera o Projeto Lassie.
“Da mesma forma que, quando caminhamos em superfícies irregulares, nós, seres humanos, podemos detectar como o solo se move sob nossos pés, um robô com pernas é capaz de fazer exatamente a mesma coisa”, disse Cristina Wilson, cientista cognitiva da Universidade Estadual de Oregon.
Robôs trabalhando em equipe
O grupo de cientistas liderado por Qian não pretende deixar o Spirit sozinho. Eles pretendem trabalhar com a Nasa para desenvolver grupos de robôs que possam ajudar uns aos outros na hora de superar desafios proporcionados pelo ambiente.
“Eles sentiriam como são as condições do solo e então trocariam essas informações entre si e formariam coletivamente um mapa de estimativa de risco de locomoção”, explicou Qian. “A equipe de robôs pode então usar este mapa de risco de locomoção para informar sobre suas explorações planetárias.”
Os robôs, inclusive, seriam treinados para conseguir ajudar uns aos outros em situações de risco. Por exemplo, caso um deles não conseguisse mais se locomover por contra de uma pedra, ou de lama, seus companheiros chegariam para o resgate e juntos formariam uma ponte ou uma pirâmide para içá-lo e transportar o robô para um lugar seguro. Depois disso, eles podem retomar suas respectivas tarefas.