quinta-feira, setembro 19, 2024
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Cientistas da NASA recriam “aranhas” de Marte em laboratório

Cientistas da NASA recriaram em laboratório pela primeira vez as formações geológicas em forma de aranha encontradas no hemisfério sul de Marte. A pesquisa confirma que o processo é causado pela sublimação de gelo de dióxido de carbono, fenômeno que não ocorre naturalmente na Terra.

Desde 2003, cientistas observam formações geológicas em forma de aranha na superfície do hemisfério sul de Marte, por meio de imagens de sondas orbitais. Essas formações intrigantes, conhecidas como terreno araneiforme, podem se estender por mais de um quilômetro e são compostas por centenas de “pernas” finas.

Até recentemente, a origem dessas estruturas permanecia um mistério, mas uma nova pesquisa detalhada no Planetary Science Journal recriou essas formações em condições simuladas de Marte.

O modelo Kieffer e o processo de sublimação

  • A principal teoria que explica a criação dessas “aranhas” envolve gelo de dióxido de carbono, que não ocorre naturalmente na Terra.
  • Conforme a teoria, conhecida como Modelo Kieffer, durante o inverno marciano, placas transparentes de gelo de dióxido de carbono se formam na superfície do planeta.
  • Quando a primavera chega, o solo escurecido abaixo dessas placas aquece com a luz do sol, fazendo com que o gelo sublima diretamente em gás sem passar pelo estado líquido.
  • À medida que o gás se acumula, o gelo se quebra, liberando o gás juntamente com poeira e areia, criando as características marcas em forma de aranha.

Simulação em laboratório

Os cientistas recriaram esse processo em um laboratório da NASA usando a câmara DUSTIE, uma câmara de simulação a vácuo resfriada por nitrogênio líquido.

Foram submetidas amostras de solo marciano simulado a condições de pressão e temperatura semelhantes às encontradas na superfície polar de Marte. Através de várias tentativas, a equipe finalmente conseguiu formar gelo de dióxido de carbono com as propriedades adequadas para recriar o fenômeno.

Câmara DUSTIE do JPL, do tamanho de um barril de vinho, usada para simular as temperaturas e a pressão atmosférica de outros planetas – neste caso, o gelo de dióxido de carbono encontrado no polo sul de Marte. Experimentos realizados na câmara confirmaram como as formações conhecidas como “aranhas” são criadas. (Imagem: NASA/JPL-Caltech)

Surpresas no experimento

Durante os experimentos, um detalhe inesperado surgiu: o gelo formado entre os grãos do solo simulado acabou rachando-o, sugerindo que a aparência “rachada” das aranhas pode estar relacionada ao tamanho dos grãos do solo e à presença de gelo de água abaixo da superfície.

Esse processo alternativo adiciona uma nova dimensão à compreensão de como essas formações geológicas se desenvolvem em Marte.

rachaduras encontradas no experimento
Essas formações, semelhantes às “aranhas” de Marte, apareceram em solo simulado durante experimentos na câmara DUSTIE do JPL. O gelo de dióxido de carbono congelado no simulante foi aquecido por um aquecedor abaixo, transformando-se em gás que acabou rompendo a camada superior congelada e formando uma pluma. (Imagem: NASA/JPL-Caltech)

O futuro dos testes com plumas

O próximo passo para os cientistas é realizar experimentos com luz solar simulada, o que pode refinar as condições exatas em que as plumas de gás e a ejeção de solo ocorrem. No entanto, ainda há muitas perguntas a serem respondidas. Por exemplo, por que essas aranhas se formam apenas em certas regiões de Marte e por que não parecem crescer ou se multiplicar ao longo do tempo?

A investigação dessas formações geológicas pode fornecer pistas sobre o clima passado de Marte, mas, por enquanto, os experimentos em laboratório são o mais próximo que os cientistas podem chegar dessas intrigantes formações naturais.

Via Olhar Digital

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