Após meses de estudo, cientistas finalmente conseguiram desenvolver uma prótese com sensores términos, capaz de permitir que pessoas amputadas consigam diferenciar superfícies quentes e frias.
Em um teste inicial, um homem que teve o braço direito amputado abaixo do cotovelo conseguiu diferenciar as temperaturas ao utilizar a prótese sensível, de acordo com uma publicação do site New Scientist.
Não é incomum que algumas pessoas amputadas tenham sensações de toque ou dor nos membros perdidos. Tal fenômeno é conhecido como membro fantasma, quando terminações nervosas no membro residual desencadeiam essa impressão.
No caso da nova prótese desenvolvida, ela aplica a sensação de calor ou frio na pele próximo aos locais amputados, gerando um reconhecimento término nos membros fantasmas.
Para chegar a este resultado, primeiro Solaiman Shokur, neuroengenheiro e cientista do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em Lausanne, juntamente com sua equipe, mapearam pontos no braço do participante amputado, que desencadeavam sensações diferentes no membro fantasma.
“Num estudo anterior, demonstrámos a existência destes pontos na maioria dos pacientes amputados que tratamos”, disse Shokur.
Na sequência, eles adaptaram uma mão protética existente com sensores e dispositivos que podem ser aquecidos ou resfriados, chamados de termodos.
Já nos testes, o participante foi capaz de identificar garrafas quentes, frias ou em temperatura ambiente com 100% de precisão, apenas tocando o objeto com sua prótese modificada. Assim que o sensor térmico foi desligado, a precisão caiu para um terço.
Além das temperaturas, o rapaz ainda conseguiu distinguir com sucesso, quando vendado, o material de objetos de vidro, cobre e plástico, A precisão do experimento foi pouco acima de dois terços – a mesma que sua mãe esquerda ilesa.
Em um outro estudo, Shokur ainda demonstrou que pessoas que usam a prótese sensível à temperatura ainda podem detectar objetos secos ou molhados.
“Poderíamos proporcionar uma sensação de umidade aos amputados e seriam tão bons na detecção de diferentes níveis de umidade quanto com as mãos intactas”, diz o cientista.
Omid Kavehei, professor de Engenharia da Universidade de Sydney, na Austrália, diz que a pesquisa poderá um dia ter aplicações além das próteses, como dar aos robôs uma gama maior de sensações físicas.
“É um trabalho fenomenalmente importante”, diz ele. No entanto, ele adverte que este não foi um ensaio clínico e questiona-se até que ponto a tecnologia funcionará bem no mundo real, onde existem extremos de clima quente e frio.
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