Kazan, a cidade que sedia a 16ª Cúpula do Brics a partir desta terça-feira, 22, apresenta um cenário notavelmente diferente do fervor turístico da Copa do Mundo de 2018. Embora tenha passado por uma renovação que custou R$ 450 milhões, suas ruas estão desertas, enquanto bares estão cheios de estrangeiros, e a presença policial é intensa.
Remetendo às “Vilas Potemkin”, Kazan parece desabitada, como descreve o jornal Folha de S.Paulo. Em política e economia, uma Aldeia Poremkin é qualquer construção cujo objetivo é proporcionar uma fachada que dê a entender que o local está muito bem, quando, internamente, na verdade, está mal.
Um jornalista local, chamado de Pavel, recebeu orientações para trabalhar remotamente ou tirar férias durante a cúpula. “É chato, mas é óbvio”, disse ele à Folha. “Há muita gente importante em Kazan”. Escolas estão fechadas, e dormitórios universitários, esvaziados, para acomodar as forças de segurança.
Lideranças globais no evento do Brics
O líder chinês Xi Jinping está entre as autoridades presentes, com uma comitiva de cerca de cem pessoas hospedada no Hotel Mirage, próximo ao Kremlin. A famosa limusine Aurus Senat, presente de Putin a Kim Jong-un, é usada pelas principais autoridades, enquanto policiais bloqueiam ruas centrais.
Os moradores que permaneceram foram instruídos a portar identificação. Com 1,3 milhão de habitantes, Kazan, a quinta maior cidade da Rússia, sente os efeitos da guerra. Ataques de drones ucranianos fecharam o aeroporto local. A guerra, embora não seja tema da cúpula, é lembrada por cartazes que incentivam o alistamento militar.
Desafios de conectividade e o efeito sobre o turismo
Problemas de conectividade, como o sinal de GPS embaralhado, dificultam o uso de aplicativos de navegação. Desde esta segunda-feira, 21, o sinal de celular opera em 3G. “Agora, internet é só com o wi-fi”, comenta Anna, funcionária do centro de credenciamento. Kazan, um importante destino turístico, recebeu 2 milhões de visitantes nos primeiros seis meses deste ano.
A cúpula afastou turistas habituais, mas trouxe cerca de 20 mil integrantes de delegações que impulsionam a economia local. Bares e restaurantes, como o Zero, perto do calçadão Bauman, estão cheios de diplomatas, ainda segundo a Folha.
Até locais, como a Coyote Ugly, atraem autoridades. Na noite de segunda-feira, Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasil, jantou no restaurante Umai, conhecido por sua culinária tártara. Ela se encontrou com Putin nesta terça.