domingo, setembro 29, 2024
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Cidade de Israel se divide entre bombardeios e solidariedade

A cidade de Eilat, no sul de Israel, ficou conhecida por sua paisagem em que o Golfo de Ácaba se encontra com o Mar Vermelho. Ao fundo, as montanhas da Jordânia contornam a vista. Mas, de atração turística acostumada a ter praias lotadas, Eilat foi envolvida pelo peso da guerra.

Primeiro, com o susto dos ataques terroristas de 7 de outubro, relativamente próximos.

Depois com a onda de deslocados que foram para lá em busca de abrigo.

“Desde o dia 7 de outubro, mesmo sem sermos atingidos, tudo mudou por aqui, não sabíamos se terroristas estavam vindo para cá também”, conta a Oeste o brasileiro Alex Altman, de 55 anos, segurança que há seis mora em Eilat.

E, por fim, a própria cidade, com atrações como o famoso aquário submarino e o Parque Nacional de Timna, se tornou cenário da guerra, quando o Iêmen começou a lançar drones na região.

“Depois que o Iêmen lançou ataques, aí sim sentimos o que é estar em guerra, fomos atacados por mísseis e drones, a tensão agora é permanente”, completa Altman.

A rotina por lá sofreu uma transformação. A beleza natural, a alegria nas ruas planejadas, nos encontros entre os jovens, as aventuras de snorkel foram impactadas por notícias de mortes e bombardeios. Na cidade do mergulho, as pessoas mergulharam na solidariedade.

“Chegaram cerca de 30 mil pessoas de cidades como Sderot e Ashkelon”, afirma Alex. “A recepção foi boa, há plena interação, eles estão precisando de ajuda e muitas doações feitas diariamente para eles.”

Outra moradora da cidade, Ana Maria Lisa, conhecida como Alisa, de 36 anos, tem se dedicado a ajudar os refugiados. Professora de artes, ela se tornou voluntária em uma entidade que distribui vestimentas para os recém-chegados.

“Trabalho agora com os refugiados em Eilat”, diz Alisa, de origem letã. “Participo de projeto de voluntariado para divisão de roupas, lençóis, toalhas, jogos de lazer para as crianças, para quem veio sem  nada.”

A moradora se desdobra em uma dupla jornada como voluntária. É o que, segundo ela, tem feito boa parte da população local, de cerca de 60 mil habitantes.

Ela trabalha ainda em um hotel, que conta com muitos moradores da região de Israel que fica a até 7 km da Faixa de Faza (chamada de Gaza envelope). O governo está pagando pela hospedagem deles.

“No nosso hotel tem gente do exército, ajuda sociológica, vêm alguns médicos também.”

Auxílio psicológico

Eilat IsraelEilat Israel
Cidade possui um famoso aquário submarino | Foto: Reprodução/Pixabay

Alisa se espanta ao imaginar que os terroristas do Hamas invadiram a região em busca de vingança. Na verdade, um delírio, ainda mais porque, conforme ela diz, as pessoas de lá não só são pacíficas, como pacifistas.

“É uma gente muito amável, vêm de kibutzim (cooperativas)”, conta. “São muito educados e pacíficos, se diferem da imagem do israelense bravo e de modos rudes.”

O trauma de quem viveu a guerra é algo que contagiou Alisa, a ponto dela também precisar de auxílio para lidar com a situação.

“Algumas pessoas pareciam muito tristes”, descreve ela. Alguns procuravam espaço para fazer shiva (período de luto com rezas). Horrível. Também precisei, por isso, de ajuda psicológica.”

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No convívio, porém, os novos moradores da cidade não deixam prevalecer a revolta ou a mágoa. Sabem que, em um mundo que dá voltas, eles agora precisam se reerguer.

“Eles apreciam sua ajuda, nunca gritando”, observa.

No fundo, como ela diz, eles não queriam estar lá por causa do terror. Nem ligam para andar de bicicleta, nadar com golfinhos ou passear pelas trilhas do Neguev.

“Na maioria das vezes eles ficam em seus quartos, ninguém sai para a praia ou anda por aí”, destaca a professora. “Eles não querem estar aqui.”

Alisa percebe que eles queriam ir para Eilat como qualquer turista, para aproveitar o que a cidade oferece de melhor, a diversão.

Mas, conforme ela conta, Eilat é o símbolo de um país que, neste momento, se esqueceu do que é isso.

Via Revista Oeste

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