domingo, setembro 22, 2024
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Cidade da Noruega tem catedral dedicada à Aurora Boreal

A duas horas de avião de Oslo, a pequena cidade norueguesa de Alta nos revela uma natureza potente e cheia de contrastes. Localizada no extremo norte do país, a cerca de 400 quilômetros acima do Círculo Polar Ártico, ela é conhecida como “a cidade da Aurora Boreal”, já que o fenômeno é recorrente aqui durante o inverno, quando as noites polares deixam os dias totalmente escuros.

Atividades em torno do fenômeno nesta época são o ponto alto da viagem, que vão desde “safári” em busca da Aurora Boreal entre fiordes até passeio de trenó puxado por cães enquanto as luzes dançam no céu.

Logo, não é à toa que a cidade possui até uma catedral dedicada a ela. Refiro-me à Catedral da Aurora Boreal (Cathedral of the Northern Lights, em inglês), que tem um formato que imita o comportamento das luzes do fenômeno.

Cartão-postal da cidade, a catedral foi um dos pontos que visitei em minha jornada pela Escandinávia para a 7ª temporada do CNN Viagem & Gastronomia. A paradinha em Alta se deu depois da minha estadia em Tromsø, a porta de entrada para o Ártico.

A Catedral da Aurora Boreal

Consagrada em 2013, a catedral fica no fim de uma rua do centrinho de Alta. Ela não é apenas um espaço religioso e digno de fotos, mas recebe ainda concertos e cerimônias ao longo do ano, sendo parte da vida cultural da cidade.

“Todos em Alta são orgulhosos da igreja. Não importa se você é cristão ou não”, diz Pal Hausgnes, guia da catedral.

Ele conta que Alta é uma cidade de construtores e que a catedral possui uma arquitetura tecnicamente difícil de ser construída, com suas linhas sinuosas e arrojadas. “Agora ela ficou como um monumento que mostra o que podemos fazer em Alta”, afirma.

Com 350 lugares, o interior do local merece ser visitado. Se tiver sorte, nos dias em que o fenômeno aparece logo em cima da cidade, é possível ver as luzes no céu de dentro da própria catedral. Aqui, chama a atenção ainda uma figura de Jesus Cristo que, ao contrário do padrão, olha para cima.

“A figura de Jesus Cristo tem 3,5 toneladas de bronze italiano. Quando a igreja abriu há 10 anos, era a primeira da Noruega em que Jesus, no altar, olha para cima. Isso causa uma interpretação muito mais otimista”, conta Pal.

Patrimônio da Unesco e hotel de gelo

Com uma população que beira os 20 mil habitantes, Alta nos reserva outras descobertas. Situada a 70º norte, ela fica na intersecção entre o fiorde e o planalto e, desde a Idade da Pedra, é ponto de encontro de vários grupos indígenas.

Aqui, uma coisa é certa: a natureza está no controle de tudo. Os contrastes são poderosos, uma vez que as variações de cada estação mudam totalmente o aspecto local. O verão brilha com o sol da meia-noite, que nunca se põe, e o inverno nos oferece a escuridão total das noites polares.

Distante cerca de seis horas de carro de Tromsø, Alta é lar de artes rupestres que são Patrimônio da Unesco. Elas podem ser vistas de perto em trilhas nos arredores do Museu de Alta, que reúne mais de 3.000 petróglifos que datam até 7.000 anos. Segundo o museu, esta é a mais extensa concentração de arte rupestre de caçadores e coletores do norte da Europa.

Vale destacar que o museu abriga ainda curiosidades sobre a aurora boreal, a pesca de salmão e sobre a herança cultural dos povos originários. As trilhas para as artes rupestres são abertas somente em meses sem neve e as entradas custam NOK 150 (cerca de R$ 77) para adultos no verão.

Por falar em trilha, Alta é cortada por uma longa trilha chamada Byløypa, que soma 20 quilômetros e atravessa a cidade de leste a oeste. No verão é pedida para caminhadas e ciclismo, enquanto no inverno ela serve como uma pista de esqui.

De volta ao centro, outro monumento é a Igreja de Alta, edifício mais antigo daqui, datado de 1858. Ela foi severamente danificada durante a Segunda Guerra Mundial, mas foi remodelada posteriormente, em que chama a atenção por sua construção neogótica em madeira branca.

Uma outra atração, que só ocorre durante o inverno, diz respeito ao hotel de gelo mais ao norte do mundo. Todos os anos, entre dezembro e abril, o Sorrisniva Igloo Hotel abre suas portas a 20 quilômetros do centro de Alta com cerca de 30 quartos feitos com 250 toneladas de gelo e 7.000 m³ de neve. O local também possui bar de gelo, galeria de gelo, e uma capela de gelo, todos abertos também para não hóspedes. Se quiser a experiência completa, quartos podem ser reservados a partir de NOK 3.500, cerca de R$ 1.795.

A cultura Sami

Nos arredores da cidade fica o Sami Siida, um acampamento que guarda informações e tradições dos povos originários da região, os Sami. Chamados também de lapões, eles fazem parte dos povos originários da Lapônia, que abrange o norte da Escandinávia em partes dos territórios da Noruega, Suécia, Finlândia e da Rússia.

No acampamento podemos ter um gostinho de como foi e de como ainda é a vida tradicional dos Sami, tudo feito ao lado de membros da comunidade com muito respeito à cultura local. Imagine morar em uma cabana no inverno a -35ºC? Aqui conseguimos ter uma ideia de como é possível.

Objetos e cabanas típicas, chamadas de “lavuu”, ficam espalhados no terreno e um guia nos conta histórias e curiosidades. As “lavuu” são as moradias temporárias dos Sami quando estão nas montanhas, em que possuem uma fogueira ao centro — que serve ao mesmo tempo para preparar alimentos e aquecer o corpo. Como são nômades, as casas são colocadas abaixo e levadas com eles.

Aqui aprendemos também que há indivíduos Sami vivendo dessa maneira nos dias de hoje, mas mais integrados aos tempos contemporâneos. Um indicativo é que eles não fazem mais transporte de materiais na garupa das renas, por exemplo, já que agora possuem snowmobile e quadriciclo.

Para finalizar, a sede do acampamento tem um restaurante que serve comidas típicas, como carne de rena, chamada de Finnbiff, ou um caldo com cenouras, batatas e carne de rena cozida, chamado de Biđus. As atividades e as refeições são todas pagas à parte.

Raio-X de Alta

  • Onde fica: no condado de Finnmark, a parte mais ao norte da Noruega;
  • Como chegar: o aeroporto fica a 10 minutos do centro e recebe voos de Oslo (2 horas de duração) e de Tromsø (30 minutos) de domingo a sexta-feira; em dezembro de 2024 haverá uma ligação direta com Frankfurt. É possível ir de carro em 6 horas a partir de Tromsø; também há conexões de ônibus entre as duas cidades.
  • Onde ficar: hotéis 4 estrelas no centrinho e lodges nos arredores estão disponíveis partir de NOK 990 (R$ 500).

 

Via CNN

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