domingo, julho 7, 2024
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China lança missão de coleta de amostras do lado oculto da Lua

Nesta sexta-feira (3), às 6h27 da manhã, pelo horário de Brasília (17h27, no horário local de Pequim), a China lançou a missão Chang’e 6, que decolou no topo de um foguete Long March 5 a partir de Wenchang, na província de Hainan, para pousar no lado oculto da Lua.

Sobre a missão Chang’e 6:

  • Pesando 8,2 toneladas, a espaçonave Chang’e 6 carrega quatro componentes: um orbitador, um módulo de pouso, um ascendente e um módulo de reentrada;
  • Tudo isso com o objetivo de coletar amostras lunares do lado oculto da Lua, região praticamente inexplorada do satélite;
  • Este é um feito que nenhum país do mundo já realizou;
  • Se tudo correr como planejado, as amostras serão colocadas no veículo ascendente para serem transportadas da superfície para a órbita lunar;
  • Em seguida, haverá a transferência para o módulo de reentrada, que conduzirá os itens para a Terra.

Os países que já trouxeram amostras lunares para casa foram os EUA, a antiga União Soviética e a própria China, que foi a nação mais recente a fazer isso, com a missão Chang’e 5 em 2020. Todo esse material, no entanto, foi coletado no lado permanentemente visível da Lua.

Multidão se reúne para assistir ao lançamento da missão Chang’e 6 na China. Crédito: Xinhua/Jin Liwang

Lançamento é considerado um sucesso

Cerca de 37 minutos após a decolagem, a espaçonave Chang’e-6 se separou do foguete e entrou em sua órbita planejada de transferência Terra-Lua, que tinha uma altitude de perigeu de 200 quilômetros e uma altitude de apogeu de cerca de 380 mil km, de acordo com a Administração Espacial Nacional da China (CNSA).

Segundo a entidade, o lançamento foi um sucesso completo. “Coletar e entregar à Terra amostras do lado oculto da Lua é um feito sem precedentes. Agora sabemos muito pouco sobre o lado oculto da Lua. Se a missão Chang’e-6 conseguir atingir seu objetivo, fornecerá aos cientistas a primeira evidência direta para entender o ambiente e a composição material do lado oculto da Lua, o que é de grande importância”, disse Wu Weiren, cientista da Academia Chinesa de Engenharia e projetista-chefe do programa de exploração lunar da China.

Após chegar à Lua, daqui a cinco dias, a espaçonave fará um pouso suave no lado distante. Dentro de 48 horas depois, um braço robótico será estendido para colher rochas e solo da superfície lunar, e uma broca perfurará a superfície. O trabalho de detecção científica será realizado simultaneamente.

As amostras serão seladas em um recipiente e recolhidas pelo veículo ascendente, que vai decolar da Lua e se acoplar ao orbitador na órbita lunar, que então trará as amostras para a Terra, pousando na Região Autônoma da Mongólia Interior, no norte da China. Toda a missão deve durar cerca de 53 dias, segundo a CNSA.

Por que nunca vemos o outro lado da Lua

Como o ciclo de revolução da Lua (tempo que ela leva para completar uma órbita em torno da Terra) é o mesmo que o seu ciclo de rotação, o mesmo lado está sempre voltado para nós. 

A outra face é chamada de lado oculto – ou escuro – da Lua. O termo não se refere à escuridão propriamente dita, mas sim ao mistério que envolve o terreno em grande parte inexplorado do corpo celeste.

Lado oculto da Lua fotografado pelo satélite Lunar Reconnaissance Orbiter, da NASA. A China pretende lançar a primeira missão de retorno de amostras do lado oculto da Lua em 2024 com a sonda Chang’e 6. Crédito: NASA/Goddard/Arizona State University

Imagens de sensoriamento remoto mostram que os dois lados da Lua são muito diferentes. O lado próximo é relativamente plano, enquanto o lado distante é densamente pontilhado com crateras de impacto de diferentes tamanhos. Os cientistas acreditam que a crosta lunar do lado oculto é muito mais espessa do que a do lado visível. Mas a causa disso permanece um mistério.

Onde a China vai coletar as amostras

Uma cratera de impacto conhecida como bacia Apollo, localizada dentro da bacia do Polo Sul-Aitken (SPA), foi escolhida como o principal local de pouso e amostragem para a missão Chang’e-6.

A colossal Bacia SPA foi formada por uma colisão espacial há mais de quatro bilhões de anos. Seu diâmetro é de 2,5 mil km, com uma profundidade de cerca de 13 km. Por ser a maior e mais antiga cratera de impacto na Lua e no Sistema Solar, ela pode fornecer informações primordiais sobre a formação do satélite.

“A quantidade de amostras que a Chang’e-6 pode coletar é incerta e não pode ser estimada com precisão no momento. Nosso objetivo é coletar pelo menos dois quilos”, disse Deng Xiangjin, especialista espacial da Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China.

A missão Chang’e-6 também está transportando quatro cargas úteis desenvolvidas por meio da cooperação internacional. Instrumentos científicos da França, Itália e da Agência Espacial Europeia (ESA) estão a bordo do módulo de pouso, e um pequeno satélite do Paquistão é levado pelo orbitador.

Via Olhar Digital

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