O cantor Chico Buarque possui 58 anos de carreira e muitos álbuns icônicos em sua discografia, inclusive seu disco de estreia. Intitulado “Chico Buarque de Hollanda”, o projeto foi lançado em 1966 e é comentado até os dias de hoje, principalmente por causa da foto de capa.
A imagem que ilustra “Chico Buarque de Hollanda” traz duas fotos do músico, lado a lado. Em uma, ele sorri, na outra, apresenta um semblante sério. A estética se tornou viral e circula pelas redes sociais em forma de meme. O registro chegou até mesmo a ser apelidado de “Chico Buarque triste e feliz”.
O próprio Chico Buarque chegou a aderir à brincadeira uma vez. Ao criar um perfil no Instagram, em 2017, o artista publicou um meme usando a capa do disco. Invertendo a ordem original das poses do artista, a postagem contou com as frases “Não tinha Instagram oficial/Agora tenho”.
A foto foi tirada por Dirceu Côrte-Real e fez parte do álbum do cantor lançado pela gravadora RGE discos. Segundo Chico, em uma entrevista dada em 2020, a “dualidade” da imagem foi uma questão de desacordo entre ele e o estúdio.
“Eu estava no estúdio fotográfico e queria tirar uma foto séria, queria me impor como um compositor sério”, contou o músico no segundo episódio da série digital “Muito Prazer, Meu Primeiro Disco”, do Sesc Pinheiros.
“Já eles [a gravadora], acharam que eu ficava mais bonito sorrindo. No fim, tiraram várias fotos, sorrindo e sério.”
Chico disse que ele só viu a capa final quando ela já estava pronta e definida. “No fim, eles fizeram a vontade deles e a minha. Ficou essa capa absurda que virou meme. Cada vez que eu vejo, mesmo não sendo meme, eu digo ‘que absurdo isso aí””, comentou.
Não só a foto foi decisão da gravadora. A voz de “Apesar e Você” revelou que o nome do disco também foi escolhido pela empresa. “Já começou pelo nome. Era para ser só Chico Buarque. O ‘de Hollanda’ veio por imposição da gravadora.”
O disco deu destaque a Chico no cenário musical logo de imediato, levando-o a receber um prêmio no Festival de Música Popular Brasileira, com a música “A Banda”.
Em seu site oficial, o artista reflete sobre as letras e melodias retratadas na obra.
“Pouco tenho a dizer além do que vai nestes sambas”, escreve ele. “De ‘Tem mais samba’ a ‘Você não ouviu’ resumo 3 anos da minha música. Procurei frear o orgulho das melodias, casando-as, por exemplo, ao fraseado e repetição de ‘Pedro pedreiro’, saudosismo e expectativa de ‘Olê, olá’, angústia e ironia de ‘Ela e sua janela’, alegria e ingenuidade de ‘A banda’, etc.”
“Quanto à gravação em si, muito se deve à dedicação e talento do Toquinho, violonista e amigo de primeira. Franco e Vergueiro foram palpiteiros oportunos, Mané Berimbau com seus braços urgentes foi um produtor eficiente, enquanto que Mug assistiu a tudo com santa seriedade. Enfim, cabe salientar a importância do limão galego para a voz rouca de cigarros, preocupações e gols do Fluminense”, completa Chico Buarque.
Confira entrevista em que Chico Buarque fala da capa