Dos quase 170 mil militares na reserva ou reformados, 140 mil acumularam mais tempo em atividade do que em recebimento de benefícios. Ou seja, cerca de 30 mil estão na situação oposta. É o que mostra reportagem do jornal Folha de S.Paulo, publicada neste sábado, 27.
O Exército é a Força com maior número de aposentados que permaneceram mais tempo inativos do que na ativa. São mais de 55 mil reservistas ou reformados com mais tempo de contribuição, contra mais de 20 mil inativos com mais tempo em recebimento de benefício. Na Marinha, esse porcentual é de quase 10% (5 mil), e, na Aeronáutica, 7,5% (3,1 mil).
A maioria dos casos de inatividade com menos tempo de contribuição se refere a militares reformados, totalizando 27,5 mil dos quase 30 mil. Na reforma, ao contrário da reserva, o militar não pode atuar nas Forças Armadas — por idade, doença ou acidente. Dos cerca de 30 mil, pouco mais de 3 mil foram reformados por doença e 5,5 mil por acidente.
Outros 2 mil casos são de pessoas na reserva remunerada, que requer 30 anos de trabalho para garantir o salário integral. Pedidos antes desse período resultam em rendimentos parciais.
Os gastos das Forças Armadas
Um levantamento da Folha mostrou que as Forças Armadas gastaram 85% de seus orçamentos com pagamento de pessoal. Gastos com inativos (R$ 31,2 bilhões) e pensionistas (R$ 25,7 bilhões) ficaram próximos do montante pago aos militares da ativa (R$ 32,4 bilhões).
A reforma da Previdenciária de militares, realizada em 2019 na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), promoveu mudanças mais benéficas aos militares, em comparação às alterações no sistema de aposentadorias dos demais trabalhadores.
Dados do TCU mostram que o déficit per capita do setor privado, no INSS, é de R$ 9,4 mil, enquanto o dos servidores civis chega a R$ 69 mil. Nas contas dos militares, o valor é de R$ 159 mil.