Celso Amorim, assessor-chefe de Assuntos Internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comparou a agressão a mulheres no Irã com pena de morte nos Estados Unidos. Ele deu a declaração durante encontro do Fundo Carnegie para a Paz Internacional. O evento ocorreu nesta quinta-feira, 18, nos EUA.
“Lamento dizer o que quero dizer”, disse Amorim. “Há um sinal de tom religioso na maneira dos EUA de ver a pena de morte. Não tenho nada contra. Bem, não concordo com a maneira como as mulheres são tratadas no Irã, por exemplo. Mas não concordo com a pena de morte que ainda existe nos EUA.”
O assessor de Lula participou de uma entrevista realizada pelo ex-embaixador dos EUA Dan Baer. O apresentador havia perguntado sobre a inclusão de outros países, como Irã, Egito e Emirados Árabes Unidos, ao G20 — grupo das maiores economias do mundo.
“É um país importante”, continuou Amorim, sobre o Irã. “80 milhões de pessoas em uma região muito crucial do mundo. Então, por que não?”
O ex-embaixador decidiu contestar a comparação de Amorim com o regime iraniano. Baer lembrou que atuou durante o governo do ex-presidente norte-americano Barack Obama.
Baer disse que não aprova a pena de morte, mas que teve de defender a medida em encontros internacionais. Porém, não considera comparável a atuação dos EUA com punição dada pelo Irã, uma teocracia a partir de entendimento da doutrina islâmica, às mulheres.
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“Tive que defender isso como embaixador e acho que os EUA deveriam acabar com a prática da pena capital”, afirmou Baer. “Porque nos torna uma exceção entre democracias avançadas. Então, vou admitir seu ponto. Porém, ao desenhar um equivalente entre os Estados Unidos, a aplicação de pena de morte, e o regime iraniano, não é moralmente respeitável. Acho que é um equivalente ruim. E acho que mina a credibilidade moral daqueles que fazem esse tipo de equivalência.”
O Irã é conhecido internacionalmente por violar os direitos humanos e aplicar diversas punições contra mulheres que não fazem o uso correto do hijab — conjunto de vestimentas recomendado pela doutrina islâmica. O país conta com a chamada “polícia da moralidade” e as condenadas podem ser, inclusive, apedrejadas.
A pena de morte é uma punição legal nos EUA, usada por 29 dos 50 Estados norte-americanos. A medida é adotada contra criminosos que cometeram crimes violentos, como homicídio. O método de execução mais utilizado é a injeção letal, mas também há outras maneiras, como cadeira elétrica, enforcamento, pelotão de fuzilamento e gás letal.