No Conselho Técnico Extraordinário, que reuniu os 20 clubes da Série A do Brasileiro, realizado na tarde de segunda-feira (27) na sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), no Rio, ficou decidido que a entidade vai ajudar financeiramente com logística Inter, Grêmio e Juventude. Os clubes gaúchos foram afetados com as enchentes do Rio Grande do Sul.
Normalmente, a CBF auxilia em deslocamentos, hotéis, entre outros pontos de logística, somente equipes de divisões inferiores, como as Séries C e D, com pagamentos às federações estaduais, que repassam aos clubes. A situação das equipes gaúchas da elite, entretanto, fará com que uma exceção seja aberta.
Inter e Grêmio não podem treinar em seus CTs, que ficaram alagados. O Colorado trabalhou nos últimos dias em Itu, no interior paulista, e o Tricolor em São Paulo. Os clubes também não podem usar seus estádios, o Beira-Rio e a Arena, que também sofreram com inundações. A previsão otimista é de que a reforma dure 60 dias.
O Inter voltará a campo nesta terça-feira (28), pela Sul-Americana contra o Berlgrano-ARG, na Arena Barueri, em São Paulo. Já o Grêmio vai usar o Couto Pereira, em Curitiba, para receber o The Strongest-BOL nesta quarta-feira (29), pela Libertadores.
Mesmo o Juventude, que está conseguindo treinar em Caxias do Sul, e vai jogar no seu estádio, o Alfredo Jaconi, terá auxílio, já que o deslocamento está prejudicado, apesar do aeroporto da cidade estar em funcionamento.
A direção da CBF estuda como serão feitos os repasses e o que será custeado. Os outros 17 clubes da Série A aprovaram o pedido.
Há possibilidade de que haja adiantamento de cotas de direitos de transmissão às equipes do Rio Grande do Sul, até mesmo aquele referente à colocação final do campeonato, com o pagamento do valor mínimo (para o 16º colocado) ou uma média do que é pago por essa fatia do contrato de TV.
Os gaúchos da Série C (Ypiranga, Caxias e São José) e da Série D (Novo Hamburgo, Avenida e Brasil de Pelotas) também receberão o auxílio de logística. Na Série B, não há equipes do Rio Grande do Sul.
Além da questão financeira, a reunião também discutiu o calendário, afetado com o adiamento de jogos dos times gaúchos e de duas rodadas inteiras, a 7ª e a 8ª. Ficou decidido que a competição não será estendida e terminará em sua data original prevista, em 8 de dezembro.
Para isso, jogos terão que ser marcados em Datas-Fifa e os clubes poderão aderir à inversão de mandos de campo. Isso será prioridade para jogos de Inter, Grêmio e Juventude.
Isso tornaria possível, por exemplo, marcar jogos do Brasileirão para uma mesma data de outras competições, como Copa do Brasil, Copa Libertadores e Copa Sul-Americana. A inversão ocorreria para que não houvesse confrontos em uma mesma cidade, por exemplo.
Haverá Datas Fifa nos seguintes dias e meses:
- 2 a 10 de setembro
- 11 a 19 de novembro
A Conmebol usará o primeiro período para repor as partidas adiadas de Inter e Grêmio das Copas Sul-Americana e Libertadores, respectivamente.
A CBF usará também o mês de junho para as finais da Copa do Nordeste, entre Fortaleza, que está na Série A, e CRB, da Série B, e jogos de Cuiabá e Criciúma adiados nas primeiras rodadas, sem relação com as enchentes, e do Juventude, que não atua nos torneios internacionais.
A CBF já havia decidido que o campeonato voltaria de onde parou, da rodada 7, neste próximo fim de semana de 1º e 2 de junho.
Haverá um “efeito dominó”, e todo o calendário terá que ser jogado para frente. Por isso, terão que ser usadas Datas Fifa, quando vários clubes têm jogadores convocados para suas seleções, o que nunca é o ideal.
Daí surgiu a ideia de mesclar partidas do Brasileiro com outras competições. Em um meio de semana, por exemplo, de embates pelas Copas Libertadores, Sul-Americana ou Copa do Brasil, seriam colocados jogos do Brasileirão de times que não estejam participando dessas outras competições.
Por isso, uma inversão de mando passa a ser necessária para evitar encontros na mesma cidade ou até para poupar gramado de estádios com sobrecarga de jogos. Isso será prioridade para as partidas dos clubes gaúchos, mas pode se estender a outras equipes se houver a concordância de ambos os rivais daquele confronto.
Não houve discussão sobre anular rebaixamento nesta temporada. A CBF era contra com argumento jurídico: a legislação brasileira, como a Lei Pelé e a Lei Geral do Esporte, veta mudanças no regulamento de competições durante a sua realização.