sexta-feira, novembro 22, 2024
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Casos de capivaras infectadas com raiva no litoral de SP são confirmados

Entre o final de 2019 e o começo de 2020, três capivaras foram encontradas mortas na Ilha Anchieta, no município de Ubatuba (SP). Um estudo realizado pelo Instituto Pasteur determinou recentemente a causa. Os animais foram infectados com uma variante do vírus da raiva, presente em morcegos-vampiros, que causou encefalite (inflamação do cérebro) e levou à falência cerebral.

Este é o terceiro caso de raiva em capivaras no mundo e o segundo no Brasil. Especialistas estão preocupados com a possibilidade de transmissões e sugerem o monitoramento do vírus nos animais.

Cientistas detectam variante da raiva em capivaras brasileiras

  • Amostras do cérebro das três capivaras encontradas mortas no Parque Estadual da Ilha Anchieta foram analisadas pelo Instituto Pasteur. P
  • Primeiro, os pesquisadores confirmaram, por meio de exame, que se tratava do vírus da raiva. Depois, o vírus foi isolado e sequenciado para identificar sua origem.
  • Todas as amostras continham a mesma variante dos morcegos-vampiros, indicando que as capivaras provavelmente foram mordidas por esses animais.
  • O último caso de raiva em capivaras no Brasil havia sido registrado em 1985. Em 2009, outro caso foi registrado no norte da Argentina.
  • Somente nesta pesquisa foi realizada a tipificação da variante viral encontrada nos casos recentes.
Antes de falecer, filhote de capivara teve paralisia nas patas traseiras por encefalite causada pelo vírus da raiva – Imagem: Fundação Florestal

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Como a transmissão pode ter acontecido

Em 2019, algumas ruínas na Ilha Anchieta passaram por reformas. Durante as obras, o telhado de uma construção foi reconstruído, fazendo com que os morcegos perdessem temporariamente seus abrigos.

Logo depois, as capivaras que viviam na região foram encontradas mortas por funcionários da Fundação Florestal do parque. Acredita-se que esse distúrbio no habitat dos morcegos tenha colocado os animais em contato com as capivaras, resultando na transmissão. Enio Mori, pesquisador do Instituto Pasteur, explica à Agência FAPESP como as infecções podem se proliferar nesses casos:

Em momentos como esse, há grande estresse nas colônias e muitas brigas entre os morcegos. Com isso, podem passar a raiva uns aos outros, aumentando as chances de transmiti-la para os animais silvestres dos quais eles se alimentam, como as capivaras.

Enio Mori, em entrevista à Agência FAPESP

Morcego-vampiro: a espécie que infectou as capivaras no litoral de SP. – Imagem: Criadores de Wirestock/Shutterstock

No começo deste ano, foi determinada como raiva a causa da morte de um gambá encontrado em 2021 no Parque Bosque dos Jequitibás, na região central de Campinas. O Olhar Digital noticiou o caso, que também acedeu um alerta sobre a circulação do vírus.

Nos últimos anos, os casos de raiva em animais silvestres têm aumentado, em parte devido ao desmatamento, que reduz a população dessas espécies. Como elas são a alimentação natural dos morcegos-vampiros, a diminuição de sua quantidade faz com que os morcegos passem a procurar outros mamíferos para se alimentar, aumentando o risco de transmissão da raiva.

A importância de monitorar as capivaras

Até o momento, não há registros de raiva humana transmitida por capivaras. No entanto, as mordidas desses animais podem causar ferimentos graves. Ainda não sabemos se a saliva das capivaras pode conter o vírus e se há risco de transmissão nessa interação.

Segundo Enio Mori, é importante continuar o monitoramento para entender o papel das capivaras no ciclo do vírus. É possível que elas sejam hospedeiras finais, morrendo sem transmitir o vírus para outros animais, mas novos estudos são necessários para confirmar essa hipótese.

A pequisa foi publicada na revista Veterinary Research Communications.

Via Olhar Digital

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