No menor município do país, um homem e uma mulher que já foram casados se revezam no poder há seis eleições seguidas. São eles Alaôr Machado (PP), 70 anos, e Neusa Ribeiro (PP), 67 anos — sua ex-mulher e servidora aposentada.
Alaôr terá de deixar o cargo de prefeito de Serra da Saudade no interior de Minas Gerais com o fim de seu mandato neste ano. Ele foi reeleito em 2020. No ano de 2016, o político assumiu o posto depois de Neusa passar por dois mandatos seguidos. Ela chegou à cadeira pela primeira vez em 2008, depois de dois mandatos seguidos do marido.
A dupla se alterna no poder desde as eleição de 2000. Em meio aos mandatos, o divórcio em 2004 — o que não transformou os dois em adversários políticos.
A candidata reconhece a existência de uma continuidade entre as gestões dela e do ex-marido, contudo afirma que um não interfere na gestão do outro. “É uma continuidade, mas tem cada um as suas particularidades”, disse em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. “A gente trabalha com um Orçamento muito equilibrado, mas eu sou mais mão fechada.”
Entre eles, Marcelo Machado, 43 anos. Filho do casal e funcionário concursado do município há 20 anos, ele ocupa o cargo de controlador municipal e diz que não quer ser prefeito.
Eleições em Serra da Saudade
Serra da Saudade é o menor município do Brasil — apesar de não ser o menor colégio eleitoral. De acordo com o Instituto Brasileio de Geografia e Estatística, o lugar tem 854 habitantes. Ao mesmo tempo, a Justiça Eleitoral informa que 1.294 eleitores — ganhando assim três municípios: o mato-grossense Araguainha (1.094), o gaúcho Engenho Velho (1.192) e o paulista Borá (1.094).
Neusa afirma que a diferença entre o número de moradores e eleitores ocorre porque existem pessoas que mudaram da cidade mas não transferiram o domicílio do título.
Em 2024, a ex-mulher de Alaôr enfrenta Dorli Doniezete (Avante). O rival foi vice-prefeito entre 2005 e 2008 — o segundo mandato de Alôr na prefeitura.
Darli vem de uma sequência de derrotas em eleições na disputa pelo cargo de prefeito que começou em 2016. Em 2020, por exemplo, ele perdeu com 99 votos contra 864 votos dados a Alaôr.